quarta-feira, 26 de dezembro de 2007

Algumas verdades sobre a transposição do S. Francisco

Em entrevista ao JB em 31 de janeiro de 2005, o geólogo especializado em gestão de recursos hídricos Aldo Rebouças, “cearense de nascimento, pernambucano de coração...”, diz: “Em julho estive em Recife, fui à fazenda de um amigo, onde as vacas estavam morrendo por falta de água. Uma semana depois, voltei e elas estavam morrendo afogadas pelas enchentes. Não há obra nem estímulo para conservação da água.” Reportagem de Karla Correia, na mesma edição do jornal, dá conta de que “Pernambuco e Paraíba não têm uma rede eficaz de canais que sirvam para conduzir a água da transposição para quem tem necessidade”. Jerson Kelman, ex-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), diz que a transposição, “vai apenas perpetuar uma lógica perversa à qual o povo nordestino está acostumado: o dinheiro investido para suprir o Nordeste de água beneficiará poucos privilegiados, em detrimento de muitos em grave situação”.

O jornalista Washington Novaes, na seara do ambientalismo desde os tempos em que se achava que derrubar árvores era sinal de progresso, disse que um dos principais motivos da obra de transposição é um projeto de criação de camarões... para exportação. O Brasil está sendo exportado a fim de fazer dólares para pagar os juros de uma dívida que muitos afirmam que está pra lá de paga. O professor Aziz Ab'Sáber, que certamente entende do assunto muito mais que qualquer membro do governo Lula, escreveu n’A Folha de São Paulo: “Nas discussões que ora se travam sobre a questão da transposição de águas do São Francisco para o setor norte do Nordeste Seco, existem alguns argumentos tão fantasiosos e mentirosos que merecem ser corrigidos em primeiro lugar. Referimo-nos ao fato de que a transposição das águas resolveria os grandes problemas sociais existentes na região semi-árida do Brasil.” Ele segue enumerando argumentos sociais, econômicos, ambientais contra a transposição, dizendo que, no final, “os maiores beneficiários serão os proprietários de terra, residentes longe, em apartamentos luxuosos em grandes centros urbanos”.

Nenhum comentário: