21/07/2013
Adeus inflação. E
agora?
Amir Khair
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Texto editado. Original,
recolhido em 22 de julho de 2013:
Ao
final de cada ano o mercado financeiro aproveita maior ritmo inflacionário
típico do início de cada ano, período favorável para as ameaças de inflação e,
ato contínuo, pressão ao governo para elevar a Selic.
Neste ano o choque climático que reduziu a oferta de vários alimentos convergiu para dar suporte a essa campanha conduzida pelos representantes do mercado financeiro.
O Banco Central (BC), que estava sendo criticado pelo mercado financeiro, resolveu mais uma vez elevar a Selic, mesmo sabendo que nenhum banco central no mundo fazia elevações desde setembro de 2012.
O mercado financeiro que antes criticava o BC passou a elogiá-lo. A razão todos sabem: quanto mais alta a Selic maior o lucro do sistema financeiro e, quem paga isso é o Tesouro Nacional.
Fato é que o choque agrícola ia naturalmente se dissipar e isso já podia ser captado pela inflação mensal cadente desde janeiro no IPCA de alimentos e bebidas: janeiro 1,99%, fevereiro 1,45%, março 1,14%, abril 0,96%, maio 0,31% e junho 0,04%.
Isso, no entanto, não pesou nas avaliações do BC. Preferiu considerar a inflação acumulada nos últimos doze meses.
É importante observar que na composição do IPCA os alimentos e bebidas pesam 25%. Excluída sua participação, o IPCA nos últimos doze meses girou no em torno de 3,5% ao ano, ou seja, a inflação no Brasil ficou abaixo do centro da meta de 4,5%.
Essa constatação questiona a política de usar a Selic para controlar a inflação. Ninguém advoga que a Selic influencia a inflação de alimentos, que dependem especialmente da oferta, sujeita a chuvas e trovoadas.
A inflação vem caindo, independentemente do BC, e continuará caindo, pois refluíram os preços dos alimentos. Mas, atenção, o mercado financeiro vai torcer os fatos e atribuir à elevação da Selic a queda da inflação.
O estrago sai caro ao País. Cada elevação de um ponto na Selic causa uma despesa adicional ao governo federal de R$ 27 bilhões. As elevações neste ano atingiram até agora R$ 34 bilhões.
O mercado financeiro ardilosamente pressiona para a redução das despesas do governo. Na realidade querem espaço fiscal maior para despesas com juros. Assim, a ginástica que vem fazendo o governo para cortar R$ 12 bilhões é o mesmo que enxergar uma pulga e não ver um elefante desfilando à sua frente.
A despesa com a elevação dos juros, até a Selic de 8,5%, de R$ 34 bilhões, equivale a uma vez e meia à prevista para este ano com o Bolsa Família, que deve atingir R$ 23 bilhões. O governo dá com uma mão os R$ 23 bilhões e retira com a outra R$ 34 bilhões para dá-lo ao mercado financeiro.
Nesse sentido todas as políticas econômicas até agora, passando por todos os governos, mantém como traço marcante o domínio do mercado financeiro. Vale registrar a Selic média ocorrida nas gestões dos diferentes presidentes do BC. Os três primeiros comandaram o BC na fase FHC: Gustavo Loyola 22,6%, Gustavo Franco 24,6%, Armínio Fraga 19,5%, Henrique Meirelles 14,9% e Alexandre Tombini até agora 9,6%.
Uma nova política econômica se impõe para retomar o crescimento baseado na economia real, e não mais sendo pilotada ao interesse do mercado financeiro. Para isso destaco: a) operar a Selic ao nível da inflação, como fazem os demais países; b) emitir moeda para pagar os juros da dívida federal, como fazem os países desenvolvidos; c) deixar o câmbio flutuar, sem interferência do BC.
Com essas três medidas se poderá: a) economizar os recursos hoje destinados ao pagamento de juros (R$ 16 bilhões em média por mês); b) devolver às empresas o poder competitivo que foi retirado com o câmbio artificialmente valorizado pelo BC; c) equilibrar as contas externas e; d) crescer de forma sustentada, com fundamentos macroeconômicos sólidos.
Caso não haja as mudanças, o governo vai continuar remando contra a maré e agravando o quadro fiscal, as contas externas e amargando a semiparalisia econômica.
Neste ano o choque climático que reduziu a oferta de vários alimentos convergiu para dar suporte a essa campanha conduzida pelos representantes do mercado financeiro.
O Banco Central (BC), que estava sendo criticado pelo mercado financeiro, resolveu mais uma vez elevar a Selic, mesmo sabendo que nenhum banco central no mundo fazia elevações desde setembro de 2012.
O mercado financeiro que antes criticava o BC passou a elogiá-lo. A razão todos sabem: quanto mais alta a Selic maior o lucro do sistema financeiro e, quem paga isso é o Tesouro Nacional.
Fato é que o choque agrícola ia naturalmente se dissipar e isso já podia ser captado pela inflação mensal cadente desde janeiro no IPCA de alimentos e bebidas: janeiro 1,99%, fevereiro 1,45%, março 1,14%, abril 0,96%, maio 0,31% e junho 0,04%.
Isso, no entanto, não pesou nas avaliações do BC. Preferiu considerar a inflação acumulada nos últimos doze meses.
É importante observar que na composição do IPCA os alimentos e bebidas pesam 25%. Excluída sua participação, o IPCA nos últimos doze meses girou no em torno de 3,5% ao ano, ou seja, a inflação no Brasil ficou abaixo do centro da meta de 4,5%.
Essa constatação questiona a política de usar a Selic para controlar a inflação. Ninguém advoga que a Selic influencia a inflação de alimentos, que dependem especialmente da oferta, sujeita a chuvas e trovoadas.
A inflação vem caindo, independentemente do BC, e continuará caindo, pois refluíram os preços dos alimentos. Mas, atenção, o mercado financeiro vai torcer os fatos e atribuir à elevação da Selic a queda da inflação.
O estrago sai caro ao País. Cada elevação de um ponto na Selic causa uma despesa adicional ao governo federal de R$ 27 bilhões. As elevações neste ano atingiram até agora R$ 34 bilhões.
O mercado financeiro ardilosamente pressiona para a redução das despesas do governo. Na realidade querem espaço fiscal maior para despesas com juros. Assim, a ginástica que vem fazendo o governo para cortar R$ 12 bilhões é o mesmo que enxergar uma pulga e não ver um elefante desfilando à sua frente.
A despesa com a elevação dos juros, até a Selic de 8,5%, de R$ 34 bilhões, equivale a uma vez e meia à prevista para este ano com o Bolsa Família, que deve atingir R$ 23 bilhões. O governo dá com uma mão os R$ 23 bilhões e retira com a outra R$ 34 bilhões para dá-lo ao mercado financeiro.
Nesse sentido todas as políticas econômicas até agora, passando por todos os governos, mantém como traço marcante o domínio do mercado financeiro. Vale registrar a Selic média ocorrida nas gestões dos diferentes presidentes do BC. Os três primeiros comandaram o BC na fase FHC: Gustavo Loyola 22,6%, Gustavo Franco 24,6%, Armínio Fraga 19,5%, Henrique Meirelles 14,9% e Alexandre Tombini até agora 9,6%.
Uma nova política econômica se impõe para retomar o crescimento baseado na economia real, e não mais sendo pilotada ao interesse do mercado financeiro. Para isso destaco: a) operar a Selic ao nível da inflação, como fazem os demais países; b) emitir moeda para pagar os juros da dívida federal, como fazem os países desenvolvidos; c) deixar o câmbio flutuar, sem interferência do BC.
Com essas três medidas se poderá: a) economizar os recursos hoje destinados ao pagamento de juros (R$ 16 bilhões em média por mês); b) devolver às empresas o poder competitivo que foi retirado com o câmbio artificialmente valorizado pelo BC; c) equilibrar as contas externas e; d) crescer de forma sustentada, com fundamentos macroeconômicos sólidos.
Caso não haja as mudanças, o governo vai continuar remando contra a maré e agravando o quadro fiscal, as contas externas e amargando a semiparalisia econômica.
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