sábado, 30 de setembro de 2017

Sobre “negação”


Nelson M. Mendes

O linguista Gustavo Conde, da Unicamp, leu na íntegra a carta de Palocci e concluiu que é fácil “desmascarar esse texto fraudulento” [...] “um mosaico de lugares-comuns costurado às pressas”.
Para quem acha que vale tudo contra o PT (que no ideário de muitos representa a “esquerda”, o “Comunismo”, o “Stalinismo”), a análise do linguista não tem qualquer valor. O que vale é o Powerpoit pirotécnico do Dallagnol; o que vale é a “convicção” de Moro, que, como diz Fernando Horta, pratica o  “‘eu acho’" dito na terceira pessoa: ‘o juízo se convenceu’”; o que vale é a atitude da ministra Rosa Weber, que declarou: “Não tenho prova cabal contra Dirceu – mas vou condená-lo porque a literatura jurídica me permite” ; ou do ministro Gilmar Mendes, que no afã condenatório (jamais contra tucanos!) afirmou: “Não se torna necessário que existam crimes concretos cometidos”.
Tudo isso vale. O resto é “negação”.
A negação é um fenômeno, mesmo: tem gente (cada vez em menor número, é verdade) que nega que em 2016 houve um novo golpe no Brasil; tem gente que nega malas cheias de dinheiro ilegítimo, inexplicado; nega aeronaves (sim, no plural) com centenas de quilos de cocaína (enquanto acha natural que um cidadão preto e pobre fique preso por portar um desinfetante, supostamente material para a confecção de bombas, e depois volte à cadeia sob acusação não comprovada de portar quantidades ínfimas de droga); tem gente que nega contas documentadas em bancos suíços; tem gente que nega que a grande mídia (nas mãos de meia-dúzia de poderosas ‘famiglias’) seja tendenciosa e minta descaradamente em favor do poder econômico, da Plutocracia; tem gente que nega que o Judíciário seja partidário, mais um dos braços da Plutocracia; tem gente, enfim, que nega que a História se mova e que o atual sistema sobreviva através de ‘aparelhos’:  aparelhos econômicos, políticos, culturais, publicitários, militares.



A negação é mesmo um fenômeno. Mas  a matilha LADRA, e a caravana da História passa.

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