Texto original:
Em 2021, a
esperança tem nomes: vacina contra covid-19 e impeachment de Bolsonaro
Por Redação RBA
Publicado 01/01/2021
- 21h20
Texto editado / NMM:
Era comum na infância chamar “café com leite” uma criança que era
aceita pelas demais na brincadeira, mas sem idade ou capacidade para correr, para
entender as estratégias, sutilezas, dificuldades dos jogos. Não havia mal
nisso. Brincando, a criança cresceria, aprenderia.
O Brasil tem um presidente café com leite. Incapaz, incompetente, inábil, Bolsonaro não tem possibilidade de
aprender, crescer, se desenvolver. Aos 65 anos, passou 28 deles na política do
Rio de Janeiro sem produzir rigorosamente nada de bom. Mas a elite política e
econômica do país está deixando ele brincar de presidente.
Quem duvida pode investir
na leitura de República das Milícias – Dos Esquadrões
da Morte à Era Bolsonaro (Editora Todavia). No livro, Bruno Paes Manso
descreve o ambiente que deu origem à trajetória política da família que
floresceu em meio ao crime do Rio de Janeiro e hoje manda no país.
Não é, portanto, surpresa o horror que abate o Brasil sob a
presidência de Jair Bolsonaro. Em dois anos, são tantas as desgraças, que o
atual presidente, além do título de Personalidade Corrupta do Ano, ostenta também
o recorde de pedidos de impeachment. São 59, dos quais apenas quatro foram
arquivados, enquanto 55 aguardam uma atitude da Mesa Diretora da Câmara dos
Deputados.
Bolsonaro faz um
governo de morte.
Seu projeto de
destruição, declarado para quem quis ouvir em 2018, segue de vento em popa.
Políticas públicas de inclusão social, de educação e de saúde, a Floresta
Amazônica, o Pantanal, o Cerrado: tudo queima sob o governo Bolsonaro.
Inclusive os empregos decentes, enquanto o governo tenta estrangular a
capacidade dos sindicatos de representar e defender os trabalhadores. Entre os
30% que aplaudem Bolsonaro e o deixam brincar de ser presidente estão maus
empresários felizes com a retirada de direitos trabalhistas. E também setores
privados da economia, do Brasil e estrangeiros, que lucram com o caos.
Algumas pessoas
tresloucadas também se divertem: aquele típico tiozinho da padaria que desrespeita
os funcionários e tenta roubar o saleiro; a senhora que parece bondosa e faz
doações na igreja, mas mantém uma relação análoga à escravidão com a empregada;
ou jovens para quem fazer festas lotadas em
plena pandemia é sinal de ousadia.
Quem também demonstra não se importar com as travessuras do
presidente “café com leite” é a imprensa comercial. Primeiro, quando passou
anos demonizando a política em geral e a esquerda em particular, em nome de um
pretenso combate à corrupção. Depois quando tirou do jogo uma presidenta que
ganhou no voto e foi roubada no tapetão – e com ela todos os que acreditaram na
democracia e no valor de seu voto. E por fim quando construiu o ambiente de
ódio e de farsa judiciária que abriu caminho para Jair Bolsonaro e sua família
ocuparem o poder.
Basta uma olhada
nos editoriais dos principais jornais do país, neste primeiro dia de 2021 e da
nova década. O Estado de S. Paulo, por
exemplo, conta as horas para tirar o presidente que o próprio jornal enfiou no
jogo. Em nenhum momento o jornal aborda os crimes contra a Constituição, o
abuso do poder público em defesa de interesses particulares, a prevaricação.
Tampouco a negligência genocida perante uma pandemia que já tirou a vida de quase 200 mil brasileiros. O jornal apresenta
uma crítica de 648 palavras, mas nenhuma delas é impeachment.
Editorial da Folha de S.Paulo também
discorre na tentativa de naturalizar a situação política do Brasil. Sem
mencionar o golpe de 2016, a Folha elogia
a lei do Teto de Gastos trazida pelos golpistas como se fosse fruto de um
avanço institucional democrático, e não de um golpe.
Em O
Globo, por sua vez, colunistas como Merval Pereira e Miriam Leitão
dedicaram suas linhas a naturalizar o processo político, como se houvesse
apenas erros em questão, e não crimes. Ele tentando manter viva a chama de
Sergio Moro para a eleição de 2022. Ela reclamando que o Bolsonaro nem combateu
a corrupção, nem encaminhou as reformas neoliberais pelas quais o mercado
bancou sua candidatura e seu governo “café com leite”.
O fato é que o Brasil não tem tempo para salvar a nova década. Esse
país, que foi invejado pelos “avanços da década” que vai 2003 a 2013, sob os
governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, está perecendo sob
Bolsonaro.
Jair Bolsonaro conseguiu a façanha de unir num único manifesto uma
frente ampla de ex-ministros da Saúde. Eles apelam por um “plano sólido”,
abrangente, que permita, ao longo do ano de 2021, garantir a vacinação para
toda a população brasileira.
Mas nada anda,
nada funciona. O governo do presidente “café com leite” é incapaz de criar um
plano nacional de proteção a trabalhadores e empresas para que possam sobreviver
em tempos em que ainda se exigirá isolamento social. Então, fica a esperança na
vacina.
Enquanto isso, o
presidente segue aglomerando com aqueles que o chamam de mito. E o desemprego
cresce, a inflação se fortalece, a indústria se esvazia, a fome espraia, o país
retrocede, a pandemia mata. Em 2021, para que o Brasil e os brasileiros
sobrevivam, a esperança tem nomes: vacina contra covid-19 e impeachment de
Bolsonaro. Pelo fim do presidente café com leite.
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