Rodrigo Vianna
TEXTO EDITADO. Versão
integral, publicada em 15/01/2013:
Um advogado amigo costuma
dizer: “no Rio, a Globo joga em casa”.
Ano passado, fui condenado
num processo movido pelo diretor de Jornalismo da Globo, Ali Kamel. A juíza na
primeira instância acolheu a argumentação do diretor da Globo – sem que eu
tivesse a chance de esclarecer minhas posições.
Está claro que Ali Kamel usa
a Justiça para se vingar de todos aqueles que criticam o papel por ele exercido
à frente da maior emissora de TV do país.
Em 2010, Ali Kamel virou alvo
de críticas fortes na internet. Deveria estar preparado pra isso. Dirige o
jornalismo de uma emissora acostumada a influir em eleições. Passadas as
eleições de 2010, iniciou ações judiciais praticamente simultâneas. Estava
claro que Kamel pretendia mandar um recado: “utilizarei minhas armas para o
contra-ataque; não farei o debate público, de conteúdo, partirei para a
revanche judicial”.
O discurso que ele fazia
antes de 2006 (“todos podem ser ouvidos, há espaço para crítica”) era falso.
Quem criticou ou dissentiu foi colocado na “geladeira” e “expurgado”. Isso está
claro. Azenha, Marco Aurelio Mello, Carlos Dornelles e Franklin Martins estão
aí para mostrar…
No meu caso, a acusação é de
ter “espalhado” pela internet que ele seria um “ator pornográfico”. Quem lê os
textos que escrevi neste blog sobre a infeliz homonímia (um ator pornô nos anos
80 usava o mesmo nome que ele – Ali Kamel) logo percebe: apenas usei a
coincidência como mote para a crítica, em textos claramente opinativos:
pornográfico, sim, é o jornalismo que Ali Kamel pratica tantas vezes à frente
da Globo. Foi essa a afirmação que fiz em seguidos textos. Muitas vezes, de
forma bem-humorada.
Mostramos em nossa defesa,
como Arnaldo Jabor utilizou-se de mote parecido no título de um livro:
“Pornopolítica”. Se há uma “pornopolítica”, por que não posso falar em
“jornalismo pornográfico”?
Só a Globo e seus
comentaristas podem recorrer a metáforas? Parece que sim. Especialmente no Rio
de Janeiro. No Rio, a Globo joga em casa.
Kamel vai se dar mal. Esse
processo vai ajudar a mobilizar aqueles que lutam contra os monopólios de mídia
no Brasil. Vai ajudar a escancarar a hipocrisia daqueles que na ANJ e na SIP
pedem “ampla liberdade de crítica”, daqueles que usam Institutos Milleniuns
para exigir “que não se criem travas ao humor como ferramenta de crítica”, mas
que fazem tudo ao contrário quando são eles os objetos da crítica e do
humor.
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