André Biancarelli: “Choque e espanto” de
Marina ameaça o mercado interno
publicado em 18 de
setembro de 2014 às 16:31
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Entrevista
editada por NMM. Áudio original em: http://www.viomundo.com.br/politica/andre-biancarelli-choque-e-espanto-de-marina-na-economia-ameaca-setores-agricola-e-habitacional-em-jogo-o-mercado-interno.html
O economista André Biancarelli, entrevistado por
Luiz Carlos Azenha para o site Viomundo,
comenta declarações dos economistas Eduardo Giannetti e Alexandre Rands sobre a
Unicamp, o governo Dilma e o programa de Marina, de quem são colaboradores. Diz
que alguns dogmas neoliberais estão mais do que nunca em xeque, desde a crise
de 2008, e que no entanto as propostas econômicas de Marina requentam ideias
dos anos 90, estão inteiramente alinhadas com o sistema financeiro e trariam
graves perdas, tanto no plano social quanto econômico.
Luiz Carlos Azenha - André, o que você achou da manifestação de
pessoas da equipe econômica da Marina em relação à Unicamp?
André Biancarelli - Aquele episódio do Eduardo
Giannetti, e aí se soma ao Alexandre Rands,
reflete um posicionamento um
tanto exagerado; o Instituto de Economia da Unicamp foi taxado de fechado,
parado no tempo, irrelevante. Mas evidentemente que ele tem importância, e não
só essa, de influente na política
econômica do governo; ele tem uma influência acadêmica. O Instituto de Economia
da Unicamp não é uma coisa única, não é um bloco, tem divergênias e tem debates
internos. É claro que o pensamento que predomina em Campinas é mais crítico, de
natureza heterodoxa; esses dois economistas, e vários outros, têm um
alinhamento mais liberal, mais ortodoxo nas questões econômicas.
LCA - O Alexandre Rands disse que existem alguns consensos na teoria
econômica, que estão em todas as universidades americanas, 98% das europeias,
95% das asiáticas e 97% das brasileiras. É verdade isso, existe um consenso na
teoria econômica assim tão devastador – para a imagem da Unicamp?
André - Eu acho curiosa essa
mania de economista de cifras exatas em tudo. Existe uma linha predominante no
debate acadêmico internacional... no Brasil ele também é predominante, mas de
maneira nenhuma é éssa quase absoluta dominância. Essa tentativa de enquadrar a
Unicamp como um gueto absolutamente isolado é um exagero; inclusive porque o
Instituto de Economia da Unicamp tem uma linha predominante [mas] não é um
bloco fechado, em que todo mundo concorda com tudo.
LCA - Ah, ele também disse que só uma universidade não tem articulação
internacional – a de Campinas – que ela é “endógena”. O que ele quis dizer com
isso?
André - O Instituto de
Economia da Unicamp tem suas artitulações internacionais, que vêm crescendo.
Provavelmente, o que esse economista está entendendo é que, se não forem
algumas universidades americanas que ele considera as melhores, isso significa
isolamento internacional.
LCA - Ele também diz que os economistas de Campinas não consideram o
desenvolvimento da teoria econômica desde a década de 60; que a Dilma pensa com
a cabeça de Campinas, que é uma ilha que parou no tempo.
André - É curioso isso, porque
há, desde a crise de 2008, um profundo
questionamento de várias ideias que eram consideradas consensuais como
essa; há profundo questionamento interno
– em Harvard, em vários outros lugares muito influentes – de alguns dogmas da
teoria econômica financeira internacional. Isso é um discurso...
desconhecimento... e tentativa de agradar um determinado público, que no caso é
financeiro, para ganhar prestígio; eu só entendo dessa maneira.
LCA - Ele diz que a Dilma trata o empresariado como uma prostituta: quer
estar com ele, mas depois denigre sua imagem. Ele diz isso logo depois de dizer
que ela pensa com a cabeça de Campinas.
André - Eu diria o seguinte...
eu acho bastante de mau gosto a metáfora. O que tem aí é uma crítica de conteúdo
a particulamente a política do BNDES que é comandada por um professor
aposentado da casa, que é o Luciano Coutinho – de apoio às empresas; isso faz
parte, sim, de uma concepção que não é só de Campinas; o Luciano Coutinho é
presidente do BNDES mas é assessorado por diretores que não são todos de
Campinas. Aliás, no governo Dilma tem dois ministros da área econômica que são
professores de outro departamento. É
curioso... porque ao mesmo tempo em que
se critica que o governo ajuda as empresas demais, pelo BNDES, critica-se que o
governo maltrata os empresários. A crítica é um pouco contraditória. Se você acha que as empresas têm que se virar
sozinhas, sem nenhum tipo de apoio, não faz sentido o empresário ficar
reclamando que o governo as trata mal... Não é liberal? Então a empresa que se
vire.
LCA - Por que ajudar as empresas?
André - A ideia é a de que
[no] capitalismo, desde o começo do século passado, final do século anterior [19], a industrialização, para ter peso, não se faz com pequenas e médias empresas.
Elas são importantes mas a consolidação
de uma economia desenvolvida não pode prescindir de grandes grupos nacionais. Não existe nenhuma experiência histórica no
mundo que tenha sido feita sem o apoio do Estado, sem o apoio tecnológico,
financeiro, e por aí vai. Isso envolve um banco de desenvolvimento, sem dúvida
nenhuma. A defesa de uma “livre concorrência” nesse plano empresarial significa
evidentemente que o Brasil não vai ter grupos nacionais, que o mercado
brasileiro vai ser mais ainda dominado por empresas estrangeiras. A
livre concorrência é um dogma da teoria econômica que não encontra nenhum tipo
de experiência prática desde que a Inglaterra passou pela primeira
Revolução Industrial, quando foi alguma coisa mais liberal, mesmo.
LCA - Um ponto da plataforma econômica da Marina diz que pretende submeter
todos os setores da economia brasileira a se desenvolver por conta de
competição internacional. Tem que abrir para que haja mais competição. Essa
competição é igual ou desigual?
André - É completamente
desigual. O mundo é profundamente
regulado, esses acordos multilaterais e bilaterais de comércio são tentativas
mais até do que de abrir o comércio, de disciplinar o comércio e ter acesso
preferencial. Qual é a nova roupagem do discurso da abertura unilateral –
unilateral porque sem negociar nada, como se a concorrência fosse boa por si?
Vai despertar as empresas, elas vão deixar de ser protegidas, etc; exatamente o
mesmo discurso do início dos anos 90. Mas tem um elemento novo, que são as tais
cadeias produtivas globais. O discurso liberal diz que o Brasil está fora
dessas cadeias – e é verdade: a gente tem uma participação muito residual em
alguns nichos. Qual é a solução para isso? Vamos abrir, vamos tirar as
barreiras... não tem nada que indique que as empresas virão para cá porque a
gente pode importar mais do que pode agora. Isso conduz a posição de mero fornecedor de mão de obra barata, e
na maioria dos casos só de mercado consumidor. O que está em jogo é a disputa
pelo mercado brasileiro, que é grande e é importante.
LCA - Você já falou em recuperar a indústria brasileira, porque há uma taxa
altíssima de desindustrialização. Isso já não é por conta do pensamento dos
economistas de Campinas – deixa eu fazer o advogado do diabo?
André - O que existe é um
processo de ameaça e de corrosão dos setores produtivos brasileiros. Existem
várias razões para isso, a principal delas é a concorrência chinesa, contra a
qual é absurdamente difícil competir; mas, se eu tivesse que elencar uma
segunda razão, é a política macroeconômica – particularmente a posição da taxa
de juros e da taxa de câmbio, principalmente, que facilita importações; e aí as
empresas brasileiras vão se acomodando nessas cadeias globais como importadoras
e às vezes só colocam etiquetas aqui dentro do Brasil. O caminho natural de uma abertura e, particularmente, de um câmbio
apreciado [moeda nacional muito valorizada, o que facilita importações] é a
desindustrialização; nem um liberal diria que isso é um resultado do excesso de
intervenção estatal – pelo contrário: é o excesso de liberdade de comércio.
LCA - Você falou da China, e a Marina também fala em rever a relação com a
China. É por isso?
André - O que eu sei é que o
programa da Marina enxerga a diplomacia, de um lado, como uma coisa só
econômica, o que está longe de ser; e de outro, enxerga o grupo BRICS, que tem
uma importância econômica, estratégica, fundamental, pelo viés dos direitos
humanos... Eu não tenho certeza se é a isso que ela está se referindo: o Brasil
vai diminuir a intensidade de suas relações com a China por conta de
desrespeito aos direitos humanos, e por aí vai. É uma visão no mínimo ingênua
das relações internacionais.
LCA - Você acha que ao fazer essas críticas o Rands desconhece ou não quer
considerar, por exemplo: os Estados Unidos são um país que têm um Estado
absolutamente intervencionista, para os seus interesses... é um país onde o
dinheiro público salva a General Motors, onde o subsídio para a indústria
agrícola é gigantesco... você acha que ele desconhece isso?...
André - O que eu digo é que o programa da Marina no capítulo econômico é de uma ousadia
liberal que nunca tinha sido colocada no papel em campanha eleitoral no Brasil.
Ele é bastante ousado – ousado no mau
sentido.
No
capítulo econômico, tem a questão da independência do Banco Central que está gerando muita discussão O principal
lado dessa discussão nem é tanto [se] vai aumentar ou diminuir a taxa de
juros, mas é a questão de se instaurar um poder paralelo na República, e você ter
uma política econômica supostamente comandada por critérios técnicos, quando a
gente sabe que isso não existe, existem interesses, existe discussão política;
então, significa que uma visão política e um grupo de interesses vai prevalecer.
Tem uma
discussão de instituir um Conselho de Responsabilidade Fiscal
[constituído] por economistas e
especialistas de fora do governo – não eleitos; e não sujeitos à influência do
governo eleito. Isso seria o equivalente
a uma política fiscal independente. Se
o bom trato do dinheiro público é um valor em si, que deve ser preservado, há determinadas conjunturas em que o Estado
tem que fazer déficit, tem que aumentar
a dívida, mesmo, para recuperar a economia, como foi o caso em 2008. Esse
Conselho de Responsabilidade Fiscal poderia impedir uma reação anticíclica do
gasto público e do Orçamento como foi feito em 2009 – que foi importante.
A coisa
do crédito direcionado, do papel do
banco público eu também acho bastante complicada... Eu considero que não é um
exagero dizer que o programa
habitacional, o programa de financiamento rural estariam fortemente
comprometidos sem o direcionamento do crédito público.
Mas o
que chama mais a atenção, para mim, é que o
capitalismo brasileiro sempre precisou, por conta das suas dificuldades de
financiamento, dessas formas forçadas de captura de poupança financeira. E as
pessoas que estão pleiteando o comando do Brasil [pretendem] eliminar o crédito
direcionado... Isso está dando problema – ainda bem, porque não dá para ser
tão liberal assim no plano da política econômica. O mundo é muito mais sujeito
a dificuldades.
LCA - Qual seria a consequência, para o Banco do Brasil, a Caixa e o BNDES –
eles iriam diminuir de tamanho em relação aos bancos privados?
André - Uma coisa é estar dito
num programa que os repasses ao BNDES irão diminuir. A justificativa para isso
na linguagem do programa e do mercado financeiro é abrir espaço para o setor
privado – coisa que o BNDES também procura fazer. Mas o principal é a questão
do direcionamento do crédito: [no] Brasil, seja banco público seja banco
privado, existe uma “exigibilidade”: 20% dos depósitos de poupança têm que ir
obrigatoriamente para financiamento habitacional – pela Caixa ou por um banco
privado. Está dito, com todas as letras [no programa de Marina] que eles
pretendem terminar [com a exigibilidade de que 20% ou mais dos depósitos de
poupança sejam canalizados para investimento habitacional]. O sistema de
crédito rural e crédito habitacional no Brasil correm riscos sérios. Porque isso só existe – essa intervenção do
Estado no mercado de crédito – porque esse é um setor que a sociedade algum dia
considerou fudamental ser protegido da lógica de mercado. Se você acaba com
isso, a lógica de mercado impera; aí, ninguém garante – e não é difícil
imaginar o que iria acontecer – que a gente iria ter crédito nas condições
necessárias para financiar um programa habitacional, por exemplo. Particularmente na dimensão financeira eu
fiquei bastante impressionado com o radicalismo financeiro do programa da
Marina.
LCA - Por outro lado, Roberto Setúbal, presidente do Itaú, fez uma reclamação
: o BNDES, com as taxas que pratica, não nos deixa participar de obras de infraestrutura. É uma
crítica dentro da linha que a Marina provavelmente adotaria. Qual a
consequência disso aqui no Brasil? Você acha que o spread ficaria maior, em
função da ausência do BNDES?
André - O BNDES tem um papel
bastante específico, que é o investimento no longo prazo. O BNDES não concorre
com os bancos privados no crédito ao consumo, no crédito de capital de giro. Se
ele [Setúbal] falou em relação à infraestrutura, a questão é a seguinte: o BNDES foi criado no Brasil – e vários lugares do mundo invejam o Brasil por ter um banco
desse tipo – justamente porque o setor privado não consegue, nunca conseguiu,
na história do Brasil, mobilizar recursos de longo prazo; porque envolve
assumir riscos que só uma instituição pública... isso é parte do debate
financeiro internacional hoje, é um tema de fronteira: a revisão do papel dos
bancos públicos nas economias capitalistas. A crítica às vezes ao BNDES no
Brasil é uma crítica dos anos 90; porque
a crise, e a capacidade de reação à
crise de 2009 provou que quem tinha banco público conseguiu se recuperar melhor,
porque existe um agente financeiro do Estado que está disposto a assumir riscos
que o setor privado não assume, pela [sua] natureza.
LCA - Considerou-se inclusive, nos Estados Unidos, da criação de um BNDES...
André - É muito complicado um
partido assumir, de maneira tão linear assim uma agenda que é de um setor da
economia. A indústria corre riscos... Tem toda uma institucionalidade de apoio
às indústrias... Em resumo o que eu acho
dessa reclamação de que o BNDES atrapalha o mercado de crédito privado: se não fosse o BNDES, não tinha crédito de
longo prazo no Brasil.
LCA - Eu mesmo, que não sou economista, percebi, ao ler a entrevista de
Roberto Setúbal, que a prioridade seria para o setor financeiro, colocando em
risco a indústria, que muitas vezes, num projeto de longo prazo, é financiada
por taxas mais baixas do BNDES. Ou estou errado?
André - É isso mesmo. E projetos de financiamento de
infraestrutura – uma usina hidrelétrica, uma estrada, um aeroporto, sei lá –
são engenharias financeiras muito complexas. Se não tiver nenhum tipo de
garantia ou participação de um agente público, isso não sai; não é uma questão
de ter preconceito contra financiamento privado. É necessário existir um
agente que está disposto – e é o papel dele – a correr riscos maiores do que o
setor privado.
LCA - Você vai fazer uma obra de grande interesse social, num lugar distante
do Brasil, [que] não vai dar retorno nenhum... Voce não acha que esse tipo de
obra corre risco, com essa visão liberal?
André - Com certeza. Tá na
essência, no caso dos bancos públicos, tá na Constituição não só o critério de
rentabilidade, mas também o critério de interesse social. Por que o crédito
rural, por exemplo, precisa de uma proteção? Porque o setor rural é uma
atividade muito sujeita a riscos – quebra de safras, etc. Se há mau uso do
dinheiro público, se há excessos de intervenção do BNDES, essa é uma questão de
grau; o
que o programa está propondo, com todas as letras, é eliminar a interferência estatal no setor
financeiro. Isso na verdade é muito sectário, é muito liberal.
LCA - Assim como Fernando Henrique Cardoso queria matar o Getúlio Vargas,
você acha que agora querem matar o Getúlio e o Celso Furtado?
André - A entrevista desse
economista tem um pouco dessa dimensão; porque não é só uma questão de criticar
a intervenção estatal que ele considera exagerada na economia brasileira hoje:
é criticar as bases do pensamento disso. É muito estranho... por exemplo: o
Gustavo Franco jamais diria uma frase dessas sobre Celso Furtado. É uma questão
de conhecimento e erudição sobre o pensamento econômico brasileiro. Ou um
economista terrivelmente intervencionista, desenvolvimentista jamais falaria
que o Simonsen,por exemplo, ou Eugênio Gudin, ou Roberto Campos não têm
importância nenhuma na história do pensamento brasileiro. Nenhum liberal...não
é uma questão só de ser cuidadoso, é de conhecer, mesmo – desprezaria o Celso
Furtado.
LCA - Nós estamos num quadro internacional muito preocupante, economias
importantes com bastante dificuldade... Você acha que não é preciso mesmo – mais uma vez fazendo o
papel de advogado do diabo – um choque de ousadia na política econômica, diante
do que vem por aí? Ou o choque que eles estão propondo é no sentido inverso:
estão importando a crise?
André - A estrutura produtiva
brasileira é em geral muito pouco competitiva; e se a gente quiser ser
competitivo com base no câmbio e na redução dos salários, aí é que a gente não
tem chance nenhuma mesmo; porque teria que colocar um câmbio lá... 5, 4, para
competir com a China, e o salário teria que cair muito. Isso nem é fácil nem é
desejável fazer. Qual tem que ser a diretriz? O Brasil tem que preservar e relançar o que foi importante para o
crescimento nos últimos anos – o mercado interno. O mercado interno que foi
movido a crédito – daí o papel dos bancos públicos foi importante – e foi
movido a distribuição de renda; e a salário, e a programa de transferência, e a
emprego. Acabar com isso é tirar a possibilidade de crescimento da economia
brasileira numa conjuntura em que não está fácil para crescer puxado pelas
exportações; e se você quiser tirar a
importância do mercado interno pensando no mercado externo, não só você vai
matar a possibilidade de crescimento, como você não vai colocar nada no lugar.
A gente está passando por um período de crescimento baixo da economia
internacional, prolongado.
LCA - O que está em disputa nessa eleição é o mercado interno brasileiro?
André - Tem um pouco essa
crença de que se a gente abrir, isso vai provocar um choque de competitividade
e produtividade na indústria brasileira, que ela vai competir
internacionalmente. Uma coisa furada. O que está em disputa – eu acho que a
questão central da disputa econômica, que agora pautou o debate na campanha
- é o papel do Estado na economia. O
programa da Marina radicalizou pelo lado liberal. Isso força o governo a
explicitar sua opção, que não é essa. Tem um lado bom, de ter colocado uma
alternativa surpreendentemente tão liberal assim. O governo mostra as suas
concepções.
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