sexta-feira, 24 de outubro de 2014

A Mídia e o Voto



A Mídia e o Voto

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Nelson Moraes Mendes


A grande mídia, como se sabe, é o principal partido de oposição ao PT... A revista Veja sempre moveu verdadeira perseguição ao PT, de modo geral, e a Lula, particularmente, o que pode ser ilustrado com citação da página 38 do nº 1455 da revista, já nos anos 80:  “Lula não é um candidato que tranqüiliza. Com um braço na CUT e outro nos sem-terra, o PT é um partido associado à idéia de desordem. Em caso de vitória de Lula, existe a possibilidade de elevação da temperatura social do país, com greves e invasões de terras numa escala como nunca se viu.”  Ou seja: a Veja fazia “terrorismo político”, na mesma linha daquele que previa  o confisco de bens e poupanças pelo PT caso Lula vencesse em 1989. Aí a classe média se assustou, entrou Collor, e  primeira coisa que ele fez foi confiscar poupanças...

O jornalista Ricardo Kotscho escreveu no começo de outubro de 2014: “[...] vou contar uma história que ouvi de Eduardo Campos em 2012, quando ele foi convidado por Roberto Civita, então dono da Abril, para conhecer a editora. Os dois nunca tinham se visto. Ao entrar no monumental gabinete de Civita no prédio idem da Marginal Pinheiros, Eduardo ficou perplexo com o que ouviu dele. ‘Você está vendo estas capas aqui? Esta é a única oposição de verdade que ainda existe ao PT no Brasil. O resto é bobagem. Só nós podemos acabar com esta gente e vamos até o fim’.”

“Acabar com essa gente “ sempre foi o objetivo de Veja e da mídia corporativa, de modo geral. Quando Fernando Henrique comentou que as classes de menor renda são mal informadas, escreveu o economista Adriano Benayon:

“Elas só são mal informadas, na medida em que veem a TV comercial, a qual está, por inteiro, nas mãos de inimigos do País, cujo objetivo é empurrar o Brasil para o subdesenvolvimento e para o atraso tecnológico. 

Na realidade, quem está não só mal informado, mas desinformado e intoxicado por lavagem cerebral, são os leitores da revista VEJA, os do jornal O GLOBO e demais veículos conhecidos  por suas iniciais: GAFE (Globo, Abril, Folha e Estadão). 

FHC é um desses indivíduos que agências e fundações das potências recrutam, dentro de seu programa de conspirar contra o País,  impedir seu desenvolvimento. O recrutamento de FHC por fundações norte-americanas, ligadas à CIA, está documentado em “E Quem Pagou a Conta”, de autoria da pesquisadora Frances Stonor Saunders, tradução editada pela Record.”
FHC não veio a público desmentir as informações contidas nos livros de Frances Saunders; até porque outro livro confirma a participação de FHC como garoto da CIA (entre muitas personalidades utilizadas pela agência para defender interesses americanos em detrimento de interesses locais). O jornalista Sebastião Nery, em 1999, escreveu na Tribuna da Imprensa:

“Numa noite de inverno do ano de 1969, nos escritórios da Fundação Ford, no Rio, Fernando Henrique teve uma conversa com Peter Bell, o representante da Fundação Ford no Brasil. Peter Bell se entusiasma e lhe oferece uma ajuda financeira de US$ 145 mil. Nasce o Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento)”. Esta história, que reforça as afirmações de Saunders, está contada na página 154 do livro Fernando Henrique Cardoso, o Brasil do possível, da jornalista francesa Brigitte Hersant Leoni (Editora Nova Fronteira, Rio, 1997, tradução de Dora Rocha). O “inverno do ano de 1969″ era fevereiro daquele ano.

Há menos de 60 dias a ditadura militar havia lançado o AI-5. Até Juscelino e Lacerda tinham sido presos. Mas o “marxista” FHC era agraciado com uma graninha para criar uma organização pró-americana. 

É assim que a banda toca. Não me venham falar que não é verdade o trabalho persistente de erosão do PT e quaisquer partidos progressistas (Brizola também foi muito atacado pelos Marinho, Civita et caterva). Rodrigo Vianna escreveu que antigamente havia Carlos Lacerda para fazer o trabalho sujo; hoje existem apenas uns lacerdinhas desqualificados, de que Reinaldo Azevedo, Jabor, Mainardi e Rodrigo Constantino são típicos exemplos. São os “sicários da plutocracia”, como diz Paul Krugman. 
Paulo Nogueira comentou em junho de 2014: “Muitos leitores, em sua ingenuidade desumana, vêem alguma coragem nos ‘sicários da plutocracia’.É o oposto. Ao se alinhar aos poderosos – aqueles que fizeram o Brasil ser um dos campeões mundiais da desigualdade – eles têm toda a proteção que o dinheiro é capaz de oferecer.”
Eis que Veja antecipa sua edição, às vésperas do segundo turno da eleição de 2014, para, com timing calculista, ferir a candidatura Dilma com denúncias ainda sem confirmação. Comenta o professor de Direito Administrativo Cláudio José Silva no Facebook: “Não há complacência com a diversidade de opiniões que suporte esta baixeza provocada pela revista Veja.... Antecipa publicação com o depoimento de um criminoso confesso, desprovido de qualquer outro elemento probatório, a dois dias do pleito eleitoral (conteúdo que por certo já detinham há semanas), como uma bala de prata para influenciar de modo devastador o pleito eleitoral em favor do seu candidato.”

Alguma novidade? Não. O “poder real” consegue mover mundos e fundos para tirar o PT do governo. O próprio julgamento do Mensalão – lembram? – foi também agendado em função do interesse em afetar os candidatos petistas nas eleições municipais de 2012.  (Deu errado... )

O crítico de cinema Pablo Villaça lembra de muitas outras jogadas mafiosas armadas pelas forças mais sinistras, que assombram os sonhos brasileiros:

“Em 89, às vésperas da eleição, acusaram o PT de ter sequestrado Abílio Diniz; em 2010, lançaram uma campanha absurda contra Erenice Guerra, que era próxima a Dilma, e depois a Erenice foi provada inocente; como foi provado inocente o Orlando Silva, o Luis Gushiken... quer dizer: não interessa se você vai destruir reputação de pessoas inocentes. Interessa é jogar... se colar a denúncia, ótimo, você prejudica a pessoa que você quer prejudicar.”

Pensemos em tudo isso quando estivermos diante da urna. Ninguém muda de opinião facilmente, sobretudo quando são anos e anos de bombardeio midiático com petardos enviados pelos EUA e detonados pelos “quinta coluna” nas capas de jornais e telas de TV. Mas seria interessante que todos estivéssemos pelo menos conscientes de que não estamos “inocentes”: muitos de nós (principalmente os que não se acautelaram com vacinas que podem felizmente ser encontradas na internet) estamos contaminados pelo preconceito, por ideias inconclusas, com indigestão mental provocada por informações truncadas e falaciosas. Não nos esqueçamos da bravata de Vitor Civita, poderoso chefão de Veja, mostrando a Eduardo Campos capas da revista e fazendo referência ao PT: ‘Só nós podemos acabar com esta gente e vamos até o fim’.

Encerro com passagem copiada do Blog da Milly:

“Não se trata de optar entre aqueles que fizeram o Mensalão ou aquele que construiu aeroporto particular com grana pública e empregou parentes em seu governo. Não se trata de escolher entre o “menor dos delitos”, ou em “alternar poder”. Não se trata de escolher entre o azul e o vermelho, entre o bom e o mau, entre o que fala bem e o que fala aos trancos, entre o filhinho de papai e a guerrilheira. Se trata de escolher um modelo de país. De optar entre o investimento no acionista ou o investimento no social. Entre a proteção ao dinheiro do rico ou à dignidade do pobre. É disso que se trata o dia 26.”
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