Aos meus amigos que votarão em Aécio
Publicado em 15/10/2014 por Milly
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Texto
editado por NMM. Original recolhido em 18 de outubro de 2014 no link:
Recentemente encuquei com a quantidade
de pessoas que julgo inteligentes e que estão declarando voto-protesto em Aécio
“para mudar tudo isso aí”.
“Ah, mas a corrupção está
insustentável”. Como assim, meu amigo? A corrupção é esporte nacional, mas
agora está aí para ser julgada e condenada, como de fato está sendo.
“O PT quer instalar a ditadura”, já
escutei gente que sei que é do bem dizer.
Mas que ditadura mantém poderes
independentes e uma Polícia Federal que investiga o pessoal da situação? Que
ditadura permite ser chamada de ditadura?
A sensação de insatisfação é mundial. Todos
querem mudança.
Mas mudança do quê? O que está
pegando? O que está pegando é a desigualdade
social e o desemprego. O Brasil não vai mal em nenhum dos dois (desigualdade e
desemprego diminuiram), mas a onda da mudança chegou aqui também.
Com a quebradeira de 2008 e o
desemprego na Europa e nos Estados Unidos, é natural que a turma da extrema
direita saia elegendo seus representantes. Mas o que levou a economia mundial a
esse ponto?
Vamos analisar o caso americano, o
berço do neoliberalismo, onde hoje quatrocentas pessoas têm mais dinheiro do
que metade da população somada.
O salário de um trabalhador comum nos
Estados Unidos não cresce desde os anos 70. O trabalhador comum ganha menos
hoje do que ganhava em 1970.
Em compensação, a produtividade só
cresceu. Então: mais produtividade, mais lucro. Mais lucro sem aumentar o
salário do trabalhador significa acúmulo de dinheiro nas mãos apenas daqueles
que controlam os meios de produção.
E o que o patrão fez com esse dinheiro
acumulado? Guardou no mercado de capital. Em 1970 a diferença entre o que
ganhava um trabalhador e o que ganhava o dono do negócio era de 40 vezes. Hoje
essa diferença chega a ser 400 vezes maior.
No mesmo período, fortificou-se a
ideia de que taxar o patrão não é um bom negócio porque ele é o cara que cria
empregos. Um trabalhador comum nos Estados Unidos hoje paga em torno de 30% de
impostos. Warren Buffet, uma das maiores fortunas do mundo, paga 11%.
O centro do universo econômico é o
consumidor. E toda a história de prosperidade econômica de uma comunidade é uma
história de investimento social nas classes mais baixas e em coisas básicas como
educação.
O livre mercado nunca existiu porque
qualquer governo sempre regulou mercados. O problema americano é que, desde o
neoliberalíssimo Ronald Reagan, os mercados passaram a ser regulados de forma a
atender os interesses dos muito ricos apenas.
Outra atitude tomada por Reagan foi o
fim dos sindicatos. E sem eles não há quem lute por reajustes salariais, a
despeito de tudo mais continuar a subir – casa, alimentação, saúde etc etc.
O que fez o trabalhador americano
ganhando o mesmo salário por gerações? Se endividou e acumulou empregos. Sem
dinheiro e tendo que trabalhar por horas sem fim as pessoas não se cuidam decentemente.
O diabo é que, no fim, todo esse drama entra na conta como crescimento:
médicos, remédios, psicólogos, mortes…
Se a produtividade aumenta, o salário
também precisa aumentar. Porque se o salário aumenta, o trabalhador compra
mais, a empresa fatura mais, cria mais empregos e paga mais impostos. E se ela
paga mais impostos o governo investe mais em social e em educação e a economia
cresce. Se em alguma dessas etapas o giro é interrompido para que alguma das
partes possa acumular capital, a economia trava e a desigualdade aumenta.
Isso chamamos de neoliberalismo: o
mercado quase sem regulação federal, pouco ou nenhum investimento social,
capital acumulado na mão daqueles que controlam os meios de produção.
O modelo PSDBista é uma cópia do
modelo falido americano, e para que saiamos da abstração o melhor exemplo
talvez seja a Cantareira e a falta de água em São Paulo. Quando a administração
estadual decide não reformar o sistema que grita por melhorias para privilegiar
a distribuição de dividendos a acionistas temos, na prática, o neoiberalismo
ferrando o social. Estamos sem água, mas os acionistas estão com seu lucro no bolso.
O modelo PTista, ao investir no
social, mudou a cara do Brasil na última década. Fez ascender uma multidão de
pessoas ao mercado consumidor, girou a economia, diminuiu desigualdade,
desemprego, tirou o Brasil do mapa mundial da fome.
Em outra palavras: você investe no
social e nas classes mais baixas, todos ganham. Você investe no empresário,
apenas o empresário ganha e a desigualdade aumenta.
Nem é preciso recorrer aos indicadores
para que entendamos isso. Com 13 anos de investimentos sociais feitos pelo PT,
quem era rico ficou ainda mais rico. A diferença é que agora o
empresário pode viajar de avião ao lado do faxineiro da firma.
Eu sei, ainda estamos muito longe do
ideal. É preciso mais investimento social. Mas estamos evoluindo, e uma
administração neoliberal interromperia todo esse processo.
É isso o que estaremos escolhendo no
dia 26.
Não se trata de optar entre aqueles
que fizeram o Mensalão ou aquele que construiu aeroporto particular com grana
pública e empregou parentes em seu governo. Não se trata de escolher entre
o “menor dos delitos”, ou em “alternar poder”. Não se trata de escolher
entre o azul e o vermelho, entre o bom e o mau, entre o que fala bem e o que
fala aos trancos, entre o filhinho de papai e a guerrilheira. Se trata de
escolher um modelo de país. De optar entre o investimento no acionista ou o
investimento no social. Entre a proteção ao dinheiro do rico ou à dignidade do
pobre. É disso que se trata o dia 26.
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