quinta-feira, 23 de outubro de 2014

O que de fato representa Aécio

Aos meus amigos que votarão em Aécio

Publicado em 15/10/2014 por Milly
 
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Texto editado por NMM. Original recolhido em 18 de outubro de 2014 no link:




Recentemente encuquei com a quantidade de pessoas que julgo inteligentes e que estão declarando voto-protesto em Aécio “para mudar tudo isso aí”. 

“Ah, mas a corrupção está insustentável”. Como assim, meu amigo? A corrupção é esporte nacional, mas agora está aí para ser julgada e condenada, como de fato está sendo.

“O PT quer instalar a ditadura”, já escutei gente que sei que é do bem dizer.
Mas que ditadura mantém poderes independentes e uma Polícia Federal que investiga o pessoal da situação? Que ditadura permite ser chamada de ditadura?

A sensação de insatisfação é mundial. Todos querem mudança.

Mas mudança do quê? O que está pegando? O que está pegando é a desigualdade social e o desemprego. O Brasil não vai mal em nenhum dos dois (desigualdade e desemprego diminuiram), mas a onda da mudança chegou aqui também.

Com a quebradeira de 2008 e o desemprego na Europa e nos Estados Unidos, é natural que a turma da extrema direita saia elegendo seus representantes. Mas o que levou a economia mundial a esse ponto?

Vamos analisar o caso americano, o berço do neoliberalismo, onde hoje quatrocentas pessoas têm mais dinheiro do que metade da população somada. 

O salário de um trabalhador comum nos Estados Unidos não cresce desde os anos 70. O trabalhador comum ganha menos hoje do que ganhava em 1970.

Em compensação, a produtividade só cresceu. Então: mais produtividade, mais lucro. Mais lucro sem aumentar o salário do trabalhador significa acúmulo de dinheiro nas mãos apenas daqueles que controlam os meios de produção.

E o que o patrão fez com esse dinheiro acumulado? Guardou no mercado de capital. Em 1970 a diferença entre o que ganhava um trabalhador e o que ganhava o dono do negócio era de 40 vezes. Hoje essa diferença chega a ser 400 vezes maior. 

No mesmo período, fortificou-se a ideia de que taxar o patrão não é um bom negócio porque ele é o cara que cria empregos. Um trabalhador comum nos Estados Unidos hoje paga em torno de 30% de impostos. Warren Buffet, uma das maiores fortunas do mundo, paga 11%.

O centro do universo econômico é o consumidor. E toda a história de prosperidade econômica de uma comunidade é uma história de investimento social nas classes mais baixas e em coisas básicas como educação.

O livre mercado nunca existiu porque qualquer governo sempre regulou mercados. O problema americano é que, desde o neoliberalíssimo Ronald Reagan, os mercados passaram a ser regulados de forma a atender os interesses dos muito ricos apenas. 

Outra atitude tomada por Reagan foi o fim dos sindicatos. E sem eles não há quem lute por reajustes salariais, a despeito de tudo mais continuar a subir – casa, alimentação, saúde etc etc.

O que fez o trabalhador americano ganhando o mesmo salário por gerações? Se endividou e acumulou empregos. Sem dinheiro e tendo que trabalhar por horas sem fim as pessoas não se cuidam decentemente. O diabo é que, no fim, todo esse drama entra na conta como crescimento: médicos, remédios, psicólogos, mortes…

Se a produtividade aumenta, o salário também precisa aumentar. Porque se o salário aumenta, o trabalhador compra mais, a empresa fatura mais, cria mais empregos e paga mais impostos. E se ela paga mais impostos o governo investe mais em social e em educação e a economia cresce. Se em alguma dessas etapas o giro é interrompido para que alguma das partes possa acumular capital, a economia trava e a desigualdade aumenta.

Isso chamamos de neoliberalismo: o mercado quase sem regulação federal, pouco ou nenhum investimento social, capital acumulado na mão daqueles que controlam os meios de produção.

O modelo PSDBista é uma cópia do modelo falido americano, e para que saiamos da abstração o melhor exemplo talvez seja a Cantareira e a falta de água em São Paulo. Quando a administração estadual decide não reformar o sistema que grita por melhorias para privilegiar a distribuição de dividendos a acionistas temos, na prática, o neoiberalismo ferrando o social. Estamos sem água, mas os acionistas estão com seu lucro no bolso.

O modelo PTista, ao investir no social, mudou a cara do Brasil na última década. Fez ascender uma multidão de pessoas ao mercado consumidor, girou a economia, diminuiu desigualdade, desemprego, tirou o Brasil do mapa mundial da fome.

Em outra palavras: você investe no social e nas classes mais baixas, todos ganham. Você investe no empresário, apenas o empresário ganha e a desigualdade aumenta.

Nem é preciso recorrer aos indicadores para que entendamos isso. Com 13 anos de investimentos sociais feitos pelo PT, quem era rico ficou ainda mais rico. A diferença é que agora o empresário pode viajar de avião ao lado do faxineiro da firma. 

Eu sei, ainda estamos muito longe do ideal. É preciso mais investimento social. Mas estamos evoluindo, e uma administração neoliberal interromperia todo esse processo.
É isso o que estaremos escolhendo no dia 26.

Não se trata de optar entre aqueles que fizeram o Mensalão ou aquele que construiu aeroporto particular com grana pública e empregou parentes em seu governo. Não se trata de escolher entre o “menor dos delitos”, ou em “alternar poder”. Não se trata de escolher entre o azul e o vermelho, entre o bom e o mau, entre o que fala bem e o que fala aos trancos, entre o filhinho de papai e a guerrilheira. Se trata de escolher um modelo de país. De optar entre o investimento no acionista ou o investimento no social. Entre a proteção ao dinheiro do rico ou à dignidade do pobre. É disso que se trata o dia 26.
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