Texto original publicado por Alexandre de
Oliveira Périgo no Facebook em 02/07/2019.
Texto editado / NMM:
Em geral a
argumentação neoliberal só se sustenta ao ser repetida à exaustão pela grande
imprensa, no melhor estilo Goebbels.
Listo
quatro de minhas falácias neoliberais prediletas a seguir.
A primeira
delas é que um estado enxuto é moderno, gasta pouco e é incorruptível; essa
alegação desonesta serve tão somente para justificar a liquidação das estatais
estratégicas para o país, seja porque desenvolvem tecnologia emancipatória,
seja porque são responsáveis proteção social aos menos favorecidos. Eficiência
e probidade não estão relacionadas ao tamanho de uma organização. E a corrupção
está muito longe de ser mácula exclusiva das empresas públicas. Trabalho
prestando serviços em grandes empresas há mais de vinte e cinco anos. A
diminuição do estado e os cortes de verbas em empresas públicas apenas
sucateiam os serviços e estimulam a corrupção. As maiores economias estão em
pleno processo de reestatização - França e Inglaterra são exemplos claros
disso. Por fim, nosso estado não é "inchado"; ao contrário, precisamos
de mais funcionários públicos em diversas áreas, como educação e saúde.
Outra
asneira neoliberal é aceitar a máxima mercantil de que toda organização é
orientada para o lucro como sendo aplicável também para o estado. As empresas
estatais não visam lucro, mas bem-estar e desenvolvimento.
A terceira
cretinice neoliberal é a da meritocracia, que prega que qualquer pessoa com seu
esforço pessoal pode obter sucesso; seus desdobramentos são o aumento do
número de casos de depressão advinda do fracasso pessoal - uma verdadeira epidemia
nacional. É desonesto admitir que pessoas partindo de realidades tão
distintas possam obter sucesso apenas com o próprio esforço. Considero um crime
a grande mídia usar casos isolados de sucesso pessoal como se fossem regra:
quando Luciano Huck entrevista na televisão aquele negro pobre que, superando
todas as dificuldades, tornou-se médico, o objetivo é transformar essa exceção
em regra; nada mais cômodo do que colocar a responsabilidade da pobreza nas
costas do cidadão desvalido, mantendo os alicerces do sistema que promove as
desigualdades absolutamente intocados.
Deixei por
último o mito do livre mercado. Nenhum neoliberal dorme sem rezar a cartilha da
"autorregulação do mercado através de sua mão invisível", não é
mesmo? Pois essa linha de raciocínio não passa de estratégia imperialista para
manutenção da dominação do terceiro mundo. É só pesquisar: nenhum país na Terra
é mais protecionista que os Estados Unidos. E o mesmo se passa com a União
Européia. Eu fico a imaginar a cara, por exemplo, de um gerente de uma empresa
transnacional fabricante de veículos e que comemorou essa medida de Bolsonaro no
momento em que seus patrões decidirem que, uma vez que não existirá mais
taxação entre os países da UE e do Mercosul, é melhor fabricar aquele sistema
de freios veicular na planta da Eslovênia que na de São Caetano. Restará como
consolo ao ex-gerente comer seu diploma de engenheiro e trabalhar como
boia-fria numa lavoura de bananas.
Por que escrevo tudo isso? Porque é nosso papel
cotidiano refutar essa ladainha neoliberal para que os mais incautos abram os
olhos; podemos não conseguir, mas devemos morrer tentando.
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