domingo, 23 de junho de 2019

Patchwork de verdades




.

Depois da INTERCEPTação de mentiras e torpezas...







terça-feira, 27 de novembro de 2007

Horrores de uma"escola"


Argemiro Ferreira – T. Imprensa, 29 out. 2007
A School of the Americas (SOA) celebrizou-se porque ali se formaram alguns notórios ditadores, torturadores e criminosos da América Latina. Essa gente, ao retornar aos respectivos países, passa a conspirar contra a democracia e os interesses nacionais, e a favor dos senhores do império americano.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

A agonia do Neoliberalismo

Carlos Chagas – T. Imprensa, 03 dez. 2007.

O que está acontecendo na França? Qual a razão de multidões de jovens irem para as ruas, enfrentando a polícia e depredando tudo o que encontram pela frente?
O protesto vem das massas excluídas, de negros, árabes, turcos e demais minorias que buscaram na Europa a saída, mas frustraram-se, cada vez mais segregados, humilhados e abandonados.
Não dá mais para dizer que essa monumental revolta é outra solerte manobra do Comunismo ateu e malvado. O Comunismo acabou. Trata-se do resultado do Neoliberalismo, um pérfido modelo econômico e político que privilegia as elites e os ricos, países e pessoas, relegando os demais ao desespero e à barbárie.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

domingo, 23 de dezembro de 2007

Se as favelas crescem, é porque os salários caem

Pedro do Coutto – T. Imprensa, 22 dez. 2007.

A favelização avança aceleradamente porque as pessoas não possuem recursos para pagar aluguel e, muito menos ainda, para adquirir a casa própria.

Se pudessem, não iriam subir os morros.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


terça-feira, 29 de janeiro de 2008

A bolha financeira mundial (I)

Adriano Benayon – T. Imprensa, 29 jan. 2007.
Os bancos centrais têm sido regidos pela oligarquia financeira há séculos.
Após a criação do FED, em 1913, Louis McFadden, membro do Congresso dos EUA (depois assassinado), declarou: "Um super-Estado controlado pelos grandes banqueiros internacionais, agindo em conjunto para escravizar o mundo para o seu prazer. O banco central usurpou o governo".
Desde julho de 2007 vêm à tona títulos financeiros destituídos de valor emitidos por bancos e fundos na euforia mentirosa da globalização e da desregulamentação.
Observadores calculam que mais de US$ 1 trilhão de ativos já ficaram sem valor nos últimos meses. A bolha pode alcançar US$ 20 trilhões.
Tudo isso é escondido dos olhos do grande público.
Virá a depressão, e já está difícil ocultar a natureza fraudulenta do sistema mundial de poder.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

terça-feira, 1 de abril de 2008

Como os jornalões insistem em mentir



Argemiro Ferreira – T. Imprensa, 30 jan. 2008.
Edward L. Bernays, celebrizado como pai das "relações públicas" e teórico da propaganda, escreveu: "A manipulação consciente e inteligente das opiniões e hábitos organizados das massas é um elemento importante na sociedade democrática. Aqueles que manipulam esse mecanismo invisível da sociedade constituem um governo invisível, que é o verdadeiro poder governante de nosso país". 
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

SÁBADO, 15 DE MARÇO DE 2008

Comunidade NITEROI / NITERÓI– ALGUMAS CONSIDERAÇÕES


Nelson M. Mendes

O jornalista Pedro Porfírio escrevia em 21 de setembro de 2007 na Tribuna da Imprensa:

“O Brasil de hoje não é diferente do Brasil de ontem em matéria de corrupção e favorecimentos escandalosos. Mas nenhum desses brasis é visível a olho nu. A mídia nos oferece diariamente uma salada de informações superficiais.”
Há uma intenção claramente ideológica (além da imediatamente mercadológica) nessa valorização do pitoresco, mórbido, inusitado, escabroso: narcotizar o grande público, criar uma cortina de fumaça, feita de escândalos e fofocas, que o distraia daquilo que realmente compõe a tessitura sócio-político-econômica que o envolve.
Nos tempos da ditadura militar, Millôr Fernandes pontificou: “A função do jornalismo é ocultar a notícia.” Quando passamos por uma banca de jornais, o que vemos são os mais variados apelos: todos os símbolos, os mitos da sociedade contemporânea estão ali presentes, como que encarnados numa sereia de mil faces e mil vozes, capaz de nos arrastar ao abismo da inércia, da estupidez, do conformismo, da cegueira.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


terça-feira, 29 de março de 2011

Juros altos e a falsa desculpa

26.07.2008 – Adriano Benayon

[Artigo recebido por e-mail]

Na última 4ª feira foi, mais uma vez, elevada a taxa básica de juros (SELIC).
Fui entrevistado pela Rede TV, horas antes da decisão pelo novo aumento.
Respondi que o aumento das taxas de juros tem mais efeito para fazer subir os preços do que para diminuí-los.
À pergunta de por que, então, as taxas de juros vêm sendo elevadas, apontei que isso decorre de prevalecerem na política as decisões dos grupos mais poderosos. A sociedade difusa, o grosso da população, obviamente não faz parte desses grupos.
Do noticiário da tal TV, cerca de 50 minutos de sua duração foram gastos em “fatos diversos”, como o menino que mordeu o cachorro e coisas do gênero.
 Quando o programa entrou na taxa de juros, surgiu a minha imagem num trecho de menos de 10 segundos, pinçado do contexto em que eu mencionava o desestímulo aos investimentos decorrentes da alta dos juros.
Já conhecia a censura da grande mídia a qualquer contestação às mistificações da política econômica. Aceitei dar a entrevista só para experimentar mais uma TV. Ou seja, concessionárias dos “serviços de comunicação” infringem as condições legais que regem suas concessões.

PS – Atualização em fevereiro de 2011: desde a mencionada entrevista à Rede-TV em julho de 2008, o autor não foi mais convidado por qualquer emissora comercial de TV a dar qualquer entrevista.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
l

terça-feira, 12 de julho de 2011

A crise ideológica do Capitalismo


Joseph Stiglitz

 Encontrado originalmente em O Globo de 12 de julho de 2011 e capturado digitalmente em: http://juniordeleca.blogspot.com/2011/07/joseph-stiglitz-crise-ideologica-do.html 

Texto editado / NMM:

Alguns anos atrás, a crença em mercados livres e irrestritos levou o mundo à beira da ruína. Mesmo em seu apogeu, o Capitalismo desregulado ao estilo americano só trouxe um maior bem-estar material para os muito ricos dos países ricos do mundo.
Eu estava entre os que esperavam que a crise financeira ensinaria uma lição sobre a necessidade de maior igualdade, de uma regulamentação mais forte, e de um melhor equilíbrio entre mercado e governo. Ao contrário, o ressurgimento de uma economia de direita ameaça uma vez mais a economia global.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

O Neoliberalismo está acabado? Pense bem antes de responder

George Montbiot* – The Guardian
TEXTO EDITADO. Versão integral em:

Londres - O aumento das fortunas dos super-ricos é resultado direto de medidas políticas.
Friedrich Hayek, Milton Friedman e seus discípulos, o FMI, o Banco Mundial, a OCDE e governos modernos argumentaram que quanto menos os Estados acionem fiscalmente os ricos, menos defendam os trabalhadores e redistribuam a riqueza, mais próspero será todo o mundo. Seus apóstolos levaram a cabo uma experiência global durante 30 anos e os resultados estão hoje à vista. Fracasso total.
Não acredito que o crescimento perpétuo seja sustentável ou desejável. Mas não se pode organizar maior desatino que liberando os super-ricos das restrições estabelecidas pela democracia.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


sábado, 8 de junho de 2013

A conspiração

 

Enviado por Miguel do Rosário on 07/06/2013  - A história de uma farsa – Capítulo 9

 Texto original, recolhido em 08 de junho de 2013:

Texto editado / NMM:

No processo do Mensalão, teorias eram montadas e desmontadas sem qualquer escrúpulo. O fato de inúmeras denúncias serem desmentidas no dia seguinte não tinha mais importância. 
A nossa mídia não é boba. O espaço à divergência se dá apenas em questões não estratégicas. E o Mensalão é um assunto absolutamente estratégico para os grandes grupos de mídia, o grande partido do conservadorismo brasileiro.
Todos são vítimas do maior processo de manipulação da informação de que temos notícia.
A promiscuidade entre a grande mídia, em particular a Rede Globo, e o STF, parece não encontrar limites.
Os ministros se portavam no tribunal com um olho no Globo no dia seguinte.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

O Ódio a Lula e a Fábrica de Zumbis

Nelson M. Mendes
Por que tanta gente odeia tão fervorosamente não apenas Lula e o PT, mas qualquer político ou partido que possa ser identificado como “de esquerda”? Obviamente, não é porque sejam “corruptos”. Partidos de centro e direita são tradicionalmente “profissionais” da corrupção – mas contam em geral com o acobertamento da mídia e  do Judiciário.  Mas, se descobrirem que Lula um dia pegou uma goiaba podre no quintal do vizinho, o assunto vira capa de Veja e ocupa um tempo enorme no Jornal Nacional. E Lula é preso. Exagero?

A mídia está aí para defender o sistema, conservar privilégios. Compreensível.  E por que motivo a população, que em sua maioria não tem privilégio algum, também persegue os críticos do sistema? Porque o trabalho da mídia funciona.

A máquina de fabricar zumbis é tão eficiente que eles julgam que realmente é vida e informação aquilo que é automatismo e desinformação. Acreditam-se independentes e informados porque veem televisão, leem revistas semanais e frequentam a Internet.  E seguem vomitando nas redes sociais aquilo que lhes foi inoculado desde que eram inocentes demais para sequer desconfiar de que algo pudesse estar errado.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

sexta-feira, 24 de março de 2017

O Capital, oFascismo e a Mídia


Extrato de entrevista do sociólogo Jessé José Freire de Souza concedida ao jornalista Paulo Henrique Arantes. Edição NMM. Texto integral em:

Bolsonaro só existe como opção visível por causa da Globo


O golpe no Brasil teve o interesse do capital financeiro em se apropriar de pré-sal, Petrobrás, destruir o capital tecnológico de empreiteiras, orçamento público, etc. Tudo com ajuda nacional da mídia e dos seus sócios internos. Dentre eles o aparelho jurídico do Estado. O capital financeiro quer uma captura direta da política e do Estado.
Na realização do lucro do capital financeiro ocorre a expropriação do trabalho coletivo via orçamento – pago pelos pobres e apropriado pelos rentistas. O golpe foi feito para isso.
O capital financeiro compra direta ou indiretamente a mídia e a própria política.
A própria linguagem do dinheiro criminalizou a política. O Trump diz: “você deve me eleger porque eu não sou político”. Você só pode dizer isso porque a “corrupção real”, que é a do mercado, por meios legais e ilegais, é tornada invisível pela mídia.
.O público é tornado imbecil pela mídia comprada para fazer este papel.
O Fascismo hoje exerce mais uma violência simbólica, “imbecilizando” o público, embora a violência física seja utilizada hoje em dia também.
A base do Fascismo no Brasil é a classe média. A mídia manipula o falso moralismo dessa classe para que sirva de “tropa de choque” dos interesses inconfessos das elites.
Não existiria Bolsonaro como opção viável sem a Rede Globo. Você tem que lembrar, apenas para ficar num único exemplo, do jornalista Merval Pereira, no jornal da “Globo News”, falando que vazamento ilegal é “normal” e acontece sempre – imagine coisas assim ditas 500 vezes ao dia.
Você vai criando um terreno favorável a preconceitos contra a própria democracia. Um cara como o Bolsonaro vai ocupar um espaço que foi “construído” para ele. É a mesma coisa do Trump. E quem fez isso foi a imprensa, não o Bolsonaro.
Eu vi “analistas” dizendo que  Cabral quebrou o Rio. É uma deslavada mentira. Quem quebrou o Rio foi a mídia, comandada pela Globo, associada à Lava a Jato, que destruiu os empregos da Petrobrás e de toda sua cadeia produtiva que é vital ao Rio. A propina do Cabral é uma gota nesse oceano. É assim que você produz uma fábrica de mentira cotidiana. O público não tem defesa contra isso.
A mídia se apresenta como neutra e representa os interesses de uma elite predatória.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Economistas e Palpites

Texto original em:

Como a crise global abalou a reputação dos economistas

Luiz Gonzaga Belluzo.  

Texto editado / NMM:

Três jovens economistas do movimento Rethinking Economics – Joe Earle, Cahal Moran e Zach Ward-Perkins – escreveram Econocracy. Subtítulo: O perigo de deixar a economia para os especialistas. O livro recebeu avaliações elogiosas de Martin Wolf, editor e colunista do Financial Times. Wolf dá uma estocada no fígado das universidades que formam economistas com treinamento estreito e obtuso, viciados em “manipular equações baseadas em suposições irrealistas”.
A crise financeira global desvelou a precariedade das teorias e previsões econômicas.
Na era da informação, a coisa é ainda pior: em tempo real, os meios eletrônicos regurgitam uma fauna variada de palpiteiros e adivinhõesQuando os negócios vão bem, o noticiário da mídia não consegue oferecer espaço suficiente para os profetas e oráculos da prosperidade eterna.
Às vésperas do crash da Bolsa de Nova York em 1929, Irving Fisher  um renomado economista,  declarou – extasiado diante das promessas de crescimento sem fim – que os preços das ações ainda estavam baixos. 
É mais fácil um camelo passar pelo buraco da agulha do que encontrar um estudante de economia que tenha lido Fisher. Esse solene desprezo pelos estudos clássicos sobre os ciclos e crises do capitalismo é a moda nos círculos acadêmicos americanizados do planeta.
Mas as façanhas do velho Capitalismo (pródigo em crashes e pânicos) lançaram no torvelinho da descrença as arrogâncias e certezas dos sabichões. Mas, para quem não sabe de seus prodígios, a fé não só é capaz de mover montanhas como também tem força para negar a realidade.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

quinta-feira, 22 de junho de 2017


O"Lawfare" Contra Lula


Texto original:
Nosso parecer sobre o “Lawfare” contra o ex-presidente Lula

Afranio Silva Jardim

Texto editado/NMM:

Estou convicto de que o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva está “previamente condenado”.
É de todos sabido, e consta até de trabalhos acadêmicos, que a estratégia da “Lava a Jato” foi cooptar a opinião pública, através de acordos com a grande imprensa.
Acordos com a mídia permitiram “vazamentos” seletivos de dados sigilosos que objetivavam denegrir a imagem de determinados investigados, sendo o ex-presidente Lula o mais atacado e prejudicado.
Em nosso sistema processual, o juiz não pode participar das investigações, não deve produzir prova. Ele é o destinatário da prova, equidistante dos interesses conflitantes das partes no processo.
Pior ainda quando o Ministério Público resolve fazer o papel de polícia ou atuar em conjunto com ela, como ocorre nos processos instaurados contra o ex-presidente Lula.
O combate à corrupção está justificando o recrudescimento do Fascismo em nossa sociedade.
O Tribunal Federal da 4ª Região se negou a punir o juiz Sérgio Moro, que divulgou interceptações telefônicas sigilosas e ilegais, com o incrível argumento de que a Lava a Jato deveria ser regida por regras especiais. Fim do Estado de Direito !!!
O juiz Sérgio Moro quer e vai condenar o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva.
É pública e notória a “simpatia” de grande parte do Poder Judiciário por determinados partidos políticos.
Forças políticas e econômicas, que criaram a farsa do Impeachment da ex-presidente Dilma Roussef, estão atuando, sistematicamente, para condenar o ex-presidente.
Sob o aspecto político, pode-se perceber oculto, na “Operação Lava a Jato”, o desejo de desmontar um novo projeto de inclusão social. 
Para quem deseja previamente a condenação do réu, a prova do processo é um mero detalhe, nas palavras do professor de Direito Penal Nilo Batista, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
A “Operação Lava a Jato”, em parceria confessada com a grande imprensa, convence a opinião pública, leiga e desinformada, de que o ex-presidente é culpado de vários crimes.
É fácil perceber que o referido magistrado demonstra indisfarçável antipatia pelo ex-presidente. Suas perguntas são dirigidas a demonstrar provada a acusação.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

terça-feira, 22 de agosto de 2017

Manual de autoajuda do iludido político

Nelson M. Mendes
Você estaria ao lado dos escravagistas, que consideravam a Abolição uma perspectiva suicida; estaria ao lado da nobreza  irresponsável e perdulária que seria derrubada pela Revolução Francesa; estaria entre aqueles que promoviam a caça às bruxas na Europa medieval; estaria entre os que marcharam com Hitler e Mussolini; estaria entre os que participaram da “Marcha da Família com Deus Pela Liberdade”, clamando pelo golpe plutomilitar destinado à implantação de um modelo econômico excludente; estaria entre os que se opuseram à redemocratização. Hoje você está entre os que apoiaram entusiasticamente o golpe vergonhoso de 2016 contra a Presidente Dilma.
Você, portanto, não é “moderninho” nem “antenado”. Exatamente o contrário. Se a Humanidade dependesse de pessoas como você, ainda estaria nas cavernas, coletando frutos silvestres e caçando mamutes.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

sábado, 26 de agosto de 2017


A herança escravagista, a classe média e o poder econômico

Extrato de entrevista do sociólogo Jessé de Souza

Texto original:

Texto editado / NMM:

A imagem do Brasil é falsa. Ela afirma que viemos de Portugal e que, por conta disto, somos patrimonialistas, temos uma tendência à desonestidade e à corrupção.
Essa explicação determina que nosso mal é a corrupção e que ela está na política e no Estado. E, assim, garante invisibilidade para a real corrupção, que nos dias de hoje é a montada pelo mercado, pelos oligopólios e atravessadores.

Os políticos não são os chefes da corrupção, eles ficam é com as sobras. Quem realmente assalta a população são os oligopólios que impõem preços e os atravessadores financeiros que impõem a taxa de juros mais alta do mundo, embutida em tudo o que compramos. O nosso dinheiro, o de todas as classes, vai para essa pequena elite financeira. A construção real é esta.
Como nunca vimos a escravidão como nossa fonte, não refletimos efetivamente sobre essa questão. E o passado sobre o qual não há reflexão está condenado a se repetir de outras formas. No Brasil, a forma foi a do ódio aos pobres. Somos um Estado no qual existem políticas formais desse ódio aos pobres. A matança dos pobres, as chacinas, verdadeiros absurdos, uma parte expressiva da classe média aplaude. O que isso mostra? Um ódio típico de regimes escravocratas.
No ano passado, foi feito um golpe por conta de uma indignação contra a corrupção. Hoje a corrupção está muito maior do que em 2016, e não vejo ninguém bater panela e vestir camisa amarela. Então, o tema da corrupção foi pretexto. O que estava indignando os setores de classe média era a diminuição da distância entre as classes. As pessoas se incomodarem com a diminuição desta distância é algo escravocrata entre nós.
Os pobres não são instigados a ter opinião própria. Os ricos não possuem só os meios de produção material, mas também os meios de produção simbólica: a informação e o conhecimento.
Nossa elite é saqueadora. As elites, em todo lugar, ficam com a parte melhor do bolo. Mas elas têm planos de longo prazo, até para que se mantenham comendo a melhor parte do bolo. A nossa quer o saque imediato. E montou uma relação de convencimento com a classe média. Para os pobres a gente passa o pau, manda a polícia. A classe média a gente convence. E assim se moldou uma intelectualidade que diz besteiras como a de que se trata de uma herança ibérica maldita, de corruptos, uma loucura repetida por Sérgio Buarque, Raimundo Faoro, Fernando Henrique Cardoso, Roberto DaMatta. Essa linguagem é repetida na sociedade, nas escolas e, principalmente, na mídia.
O que é passado para a população é que a corrupção é dos políticos e do Estado, e que o mercado é um conceito paradisíaco. E as pessoas acreditam nisso. A sociedade não é contraposta a ideias divergentes. Você já viu um programa na Rede Globo que apresente opiniões distintas? Eu nunca vi.
Lula não tocou nas elites porque, se fosse assim, não conseguiria sequer assumir a presidência. Essa elite econômica, nas grandes cadeias de TV, pode difamar, mandar alguém para o céu ou para o inferno. Pode comprar o Parlamento. O que faltou foi ter pensado em modos para que o povo tivesse uma educação política melhor. Teria sido muito importante uma televisão pública.
Globo e a Bandeirantes colocam cinco ou seis pessoas com a mesma opinião, uma palhaçada de pessoas passando a bola uma para a outra.
A sociedade moderna alemã foi moldada contra o Nazismo. Vamos comparar: a nossa escravidão é romantizada em novelas e tal. Deixamos de chamar favelas de favelas e passamos a chamar de comunidades. Não enfrentamos as questões efetivas. O dinheiro impõe visões de mundo. É uma realidade que se assemelha aos Estados Unidos, um país muito rico, mas que possui uma desigualdade e uma violência muito semelhantes às nossas.
Além disso, ninguém faz uma corrupção sistêmica e mais profissional do que os americanos.
A parte fascista da classe média não vai mudar, porque este é o discurso que legitima sua vida e seu ódio. Esse pessoal está condenado a repetir a mentira. Como o Lula é condenado sem provas, enquanto permanecem soltas pessoas que efetivamente cometeram crimes documentados e mostrados em todas as redes? A operação Lava a Jato foi o emissário desta mentira.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

sábado, 16 de setembro de 2017

Justiça injusta


Texto original:

A lei não é para todos

Texto editado / NMM:

A Lava a Jato tem o efeito de produzir uma ideia de que, agora, a justiça é para todos. Esta ideia, porém, é comprovadamente falsa.
Com mais de 650 mil presos, temos a terceira maior população carcerária do mundo, composta por pessoas negras, pobres, com pouca escolaridade e homens jovens, o que significa que está se encarcerando a juventude do Brasil. Quem mais morre assassinado no Brasil são as pessoas presas. É uma política de extermínio.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Democracia SemPovo

Eliane Brum  | 21 AGO 2017
Texto original:

Texto editado / NMM:

O Brasil inventou a Democracia sem povo. O povo, para aqueles que hoje detêm o poder no Brasil, não tem a menor importância. O povo é um nada.
A presidência do Brasil hoje está nas mãos de um homem que não tem nada a perder desagradando seus eleitores, porque sequer tem eleitores. Sua salvação está nas mãos daqueles que agrada distribuindo os recursos públicos que faltam para o que é essencial.
A Bancada Ruralista do Congresso, grande fiadora da permanência de Temer na presidência, é o que há de mais arcaico no setor agropecuário.
Os ruralistas querem conseguir a permissão da venda de terras para estrangeiros e também mudar as regras sobre os agrotóxicos, o que no Brasil já é uma farra com graves consequências para a saúde de toda a população. E o objetivo de sempre, sua bandeira mais querida: botar a mão nas terras públicas de usufruto dos índios com a abominação chamada PEC 215.
O ano de 2017, para quem tem o poder para saquear o Brasil e os direitos dos brasileiros, está sendo o melhor. Poder usurpar de tal forma o poder e ainda chamar de Democracia?
Não é preciso mais sequer manter as aparências.
E torna-se assustador quando aqueles que detêm o poder chegam à conclusão de que não precisam mais sequer convencer a população ou cortejar seus eleitores.
Há também os tais “sinais da economia”..­­­­­­É bem curioso o poder que exerce certa casta de economistas, ao ocupar largos espaços na mídia para legitimar o ilegitimável. Delfim Netto é talvez o personagem mais fascinante, dando receitas para o momento como se estivesse num programa de culinária.
Os gritos nas redes sociais servem mais para ilusão de que se protesta e de que se age. Uma espécie de descarga de energia que se exaure na própria bolha e nada causa.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O lawfare que fere Lula

Nelson M. Mendes

Muitas riquezas são atribuídas a Lula e sua família, com a intenção de “provar” que ele se locupletou no governo. Lula já apareceu até numa capa fake  da revista Forbes como um dos homens mais ricos do mundo.
A condenação de Lula por ter supostamente recebido um triplex como propina, segundo Dalmo Dalari, “não foi jurídica [...] foi política” . O professor de Direito Processual Penal Fernando Lacerda mostra que o juiz Moro, não conseguindo provar que Lula era proprietário do tal triplex, criou a figura da propriedade de fato
Até mesmo Reinaldo Azevedo, tradicional inimigo de Lula e criador do termo “petralha”, teve de reconhecer:  “Sem poder apresentar provas de que o triplex pertence a Lula, Moro fez picadinho do devido processo legal.”
Moro é é obrigado a engolir pertinentes críticas de Lula: “Na condenação sobre o caso do apartamento triplex, o senhor cita o jornal O Globo 15 vezes e cita apenas cinco vezes falas das testemunhas (mais de 70). O senhor precisa começar a ler também outros jornais.”
E questiona Moro: "Meritíssimo, Vossa Excelência acha que eu, com esse reconhecimento nacional e mundial todo, iria me comprometer recebendo como recompensa um tríplex que mal vale R$ 2 milhões e um sítio de terceira categoria?"
Na pré-estreia do filme de ficção jurídica “Polícia Federal – a lei é para todos”, Sérgio Moro, o real, riu ao ver-se na tela cometendo ilegalidades. O Advogado e Procurador de Justiça aposentado Roberto Tardelli resumiu: O filme é deletério, porque celebra crimes cometidos pelo juiz midiático; e nega completamente a presunção de inocência.
O jurista Wayne MacKay recomenda que os juízes não apenas cumpram a lei, mas mantenham a aparência de que a cumprem.
Mas quem se importa com essas bobagens?
Dallagnol, com o objetivo de obter a condenação de um acusado sem prova de crime, criou a tese mirabolante de abdução de provas e a doutrina do explanacionismo. No Mensalão, a doutrina da hora foi a do domínio do fato, aplicada de modo totalmente distorcido, segundo seu próprio criador, Claus Roxim. Moro usou todas as teses e doutrinas para sentenciar Lula.
Tacla Duran diz em livro que a delação da Odebrecht foi manipulada, provavelmente por pressão dos procuradores, atrás de qualquer tipo de prova contra Lula. Mais que isso: há indícios de que alguns dos documentos foram montados.
Moro já havia ido parar no STF e CNJ por abusos constantes contra advogados e réus. Hoje, por causa da Lava a Jato, a economia nacional está devastada, o Estado de Direito, ameaçado, e o poder tomado por uma quadrilha.
Sérgio Moro percebeu que seu fim será dramático.
A Senhora Moro já teria se organizado para morar nos EUA.
O Banestado foi o escândalo da Era FHC (e envolveu até a cúpula de seu governo). 124 bilhões de dólares foram levados ao exterior. Nomes como Jorge Bornhausen, José Serra estavam envolvidos; e também empresas como Rede Globo, Editora Abril. Por isso, tudo acabou em pizza (aliás, com a participação de Sérgio Moro).
Nenhum tucano foi preso pela Operação Lava a Jato. (Pássaros esquivos, também escaparam do Mensalão tucano,  anterior ao petista.)
Aécio escapou da prisão e teve o mandato confirmado pelos 44 ladrões. Já José Dirceu ficou 2 anos preso sem sentença condenatória em última instância.
A imprensa internacional vem apresentando matérias sobre o caráter político do processo contra Lula e sobre a falta de provas contra ele.
Travis Waldron escreve: “A condenação do ex-presidente Lula da Silva tem implicações globais.” Diz ainda que a floresta amazônica é crucial na luta global contra a mudança climática, e que o presidente Michel Temer apoia o desmatamento amazônico para ganhar sustentação no Congresso e escapar de muitas denúncias.
O problema  de teorias investigativas é que, se estáticas, incidem sobre grave violação do princípio da presunção de inocência. Não interessam as demonstrações de inocência provável do investigado. José Genoíno foi socado no “núcleo político” para se chegar a José Dirceu – contra quem também não havia provas.
Forças-tarefas que envolvem trabalho conjunto de Polícia com Ministério Público e suspeita imiscuição do juiz em todas as etapas são inconstitucionais. A Lava a Jato é precisamente isso: polícia, Ministério Público e juiz como parceiros, em nome de conclusões antecipadamente postuladas, como a de que Lula era o chefe de uma organização criminosa. Nenhuma prova sólida é apresentada, apenas suposições.
O Tribunal Federal da 4ª Região se negou a punir o juiz Sérgio Moro, que divulgou interceptações telefônicas sigilosas e ilegais, alegando que os eventuais exageros de Sergio Moro e da Lava a Jato são justificados pelo fato de vivermos “tempos excepcionais”. Wadih Damous lembrou que foi exatamente este o termo usado pelo coronel do Exército Brilhante Ustra para justificar as barbaridades que cometia durante o regime militar.  Damous  diz que “a Constituição de 88 está suspensa com o apoio e aplauso da mídia.”
No livro “O Povo Brasileiro”, Darcy Ribeiro explica que o Brasil nasceu e cresceu a partir da associação de interesses externos com as elites internas. Barbosa Lima Sobrinho concorda: “No Brasil só pode haver dois partidos: o partido de Tiradentes e o partido de Joaquim Silvério dos Reis.”
A perseguição inquisitorial a Lula e às esquerdas, de modo geral, não é novidade na História. É claro que os rebeldes, os oposicionistas, os que propunham mudanças eram perseguidos pelo poder estabelecido. Quando não foi assim? 
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Manual de autoajuda do iludido político II


Nelson M. Mendes

O que está por trás da perseguição a Lula, do golpe que derrubou Dilma? O mesmo que estava por trás da perseguição a Getúlio, Jango, Brizola. Esses notáveis personagens da história brasileira foram perseguidos não pelos seus erros, mas pelos seus acertos: porque ousaram pensar nos desfavorecidos, nas classes que historicamente dão sustentação a um grande edifício socioeconômico em cujo topo está uma classe herdeira de privilégios que, em última instância, remontam aos tempos coloniais.
Nos anos 50, o Senador MacCarthy (o Sérgio Moro norte-americano da época) começou sua cruzada de caça aos “comunistas”: fazia acusações sem provas, usava a mídia para amplificar o alcance dos processos e para promover-se como herói da moral e dos bons costumes capitalistas. Criou-se um clima de delação civil – uma espécie de Stalinismo à norte-americana.Muitos perderam emprego, reputação e até a vida por causa da kafkiana perseguição. Muitas celebridades, como Charles Chaplin, Orson Welles e até o cientista Robert Oppenheimer foram jogadas na lama vermelha. Claro que jamais se provou uma só acusação macarthista. Alguma semelhança com as acusações que incidiram sobre os líderes do PT – apenas para nos restringirmos às últimas décadas?
Ó horror! Ó heresia! Então os EUA são devotos do Deus-Mercado só da boca para fora? Ou das fronteiras norte-americanas para fora, onde as “leis de mercado” são impostas com bombas e mísseis?!...
Agora só falta dizerem que a “Meritocracia” é outra balela, outra mentira para enganar os trouxas que acreditam que poderão ficar ricos e famosos. Daqui a pouco vão dizer também que entidades como o SEBRAE, em tese dedicadas a fomentar o empreendedorismo, não passam de órgãos de propaganda das excelências do Capitalismo, iludindo o respeitável público com o sonho do sucesso e da riqueza... E vão dizer ainda que, acima de tudo, está a gigantesca máquina de propaganda norte-americana, um polvo com mil tentáculos.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

quarta-feira, 18 de abril de 2018

Manual de autoajuda do iludido político III


Nelson M. Mendes

As minhas análises se centraram basicamente na reação do “respeitável público” diante dos eventos políticos. Eu queria entender a cegueira, o comportamento de manada, a ignorância política. Meu universo de pesquisa eram as redes sociais.
Opera freneticamente no Brasil uma transnacional cuja sede fica em Washington: a Fábrica de Zumbis.
Você estaria ao lado dos escravagistas, que consideravam a Abolição uma perspectiva suicida; estaria ao lado da nobreza  irresponsável e perdulária que seria derrubada pela Revolução Francesa; estaria entre aqueles que promoviam a caça às bruxas na Europa medieval; estaria entre os que marcharam com Hitler e Mussolini; estaria entre os delatores no Macarthismo; estaria entre os que participaram da “Marcha da Família com Deus Pela Liberdade”, clamando pelo golpe plutomilitar destinado à implantação de um modelo econômico excludente; estaria entre os que se opuseram à redemocratização. Hoje você está entre os que apoiaram entusiasticamente o golpe vergonhoso de 2016 contra a Presidente Dilma e entre os que tiveram espasmos de hidrófobo prazer com a absurda prisão de Lula.
A tática é velha: acusar de corruptos todos aqueles que desafinem do coro da Ordem Estabelecida. Aí entram ação os políticos cínicos; os juízes venais e/ou politicamente comprometidos; e os jornalistas mercenários. A perseguição midiática a Lula vem desde meados dos anos 70; já virou um case que será estudado por historiadores e sociólogos.
 Afetadas pela radioatividade midiática, as pessoas irão ver pelo em ovo, mas serão incapazes de aceitar a prova concreta, o documento, o vídeo, a declaração do banco suíço – se os implicados forem os representantes da Velha Ordem. Se as evidências forem demasiado fortes, elas sacam um slogan de ocasião, escancarando a motivação verdadeira da cruzada moralista: “Cunha é corrupto, mas está do nosso lado!”
Explicando: uma boa parcela da população se sente “do lado” de Eduardo Cunha porque ele representa, no imaginário amestrado, o Capital, o Poder, o Sucesso. Essas pessoas têm a fé fundamentalista de que, pela varinha de condão da “Meritocracia”, jogando o jogo de cartas marcadas do Capitalismo, conseguirão ascender à Casa-grande, em que pontificam figuras como Cunha. Do “outro lado” estão os “populistas”, os “comunistas” , o “zé-povinho”.
O distinto público, portanto, por burrice ou má-fé, embarca na cruzada “contra a corrupção”, convencido de que esse é o maior problema do país. Ora, o Brasil tem problemas muito mais sérios – a começar por políticas em que os interesses brasileiros são colocados abaixo de interesses externos; os interesses do povo, abaixo dos interesses das elites; os interesses do Trabalho, muito abaixo dos interesses do Capital.
O principal problema brasileiro é a desigualdade. Para mantê-la, o Diabo e seus asseclas (políticos, banqueiros, megaempresários, empresários da mídia, jornalistas mercenários, juízes partidários, etc.) tergiversam. Enganam. Iludem as massas. Enquanto o mágico chama a atenção do público para detalhes sem importância, um elefante se materializa no fundo do palco.
Uma última mensagem: você não é “moderninho”, “esperto”, “anticomunista”, “antibolivariano”: você é ignorante e desatualizado; um dinossauro acéfalo. Um iludido político.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

sábado, 7 de julho de 2018

A tulipa podre


 Nelson M. Mendes

Vamos aos fatos: você foi condicionado, é manipulado pelas forças que não querem que absolutamente nada mude sob o sol desse “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”.
Repetindo pela milésima vez: tudo – todos os sistemas cosmológicos, físicos, biológicos, humanos – tem seu fim. E o Capitalismo caiu de podre, morreu.
Quando se tentou, canhestra e enviesadamente, colocar em prática as ideias que Marx havia esboçado como contraponto ao Capitalismo, a reação foi violenta em todos os níveis: econômico, político, militar, cultural e até religioso. Sim, a religião foi chamada a defender os sacros valores capitalistas, inclusive com as justificativas teológicas mais esdrúxulas e inacreditavelmente cínicas.
A miséria que o governo arrecadou com as privatizações evaporou-se numa nuvem de propina. E, para que fossem honrados os bons costumes e princípios neoliberais, milhares de trabalhadores foram colocados no olho da rua.
Mas você continuou achando isso bom. A propaganda é a arma do negócio.
Quando, em 2008, o Capitalismo teve uma de suas muitas síncopes, você  levou um susto. Em 2008, como em 1929 e em muitos outros momentos de crise, os especialistas garantiram que os rugidos e fumaças do vulcão não significavam que a erupção estivesse próxima: estava tudo tranquilo, as finanças iam de vento em popa.
A propaganda é a arma do negócio. É a mentira institucionalizada. E você caiu que nem um patinho amarelo.
Achou natural até que, sob vigência do tão incensado Neoliberalismo, o Estado, o inimigo, fosse chamado em todo o mundo a socorrer banqueiros e rentistas com dinheiro público. A lógica do sistema é privatizar o lucro e socializar o prejuízo.
Mas você continuou achando tudo muito natural, muito científico
Você, adorador do Pato Amarelo; você, que participou da sinfonia das panelas, sob a regência da Rede Globo; você, bolsuíno; você, analfascista: todos vocês fazem exatamente esse trabalho de sustentar nos ombros uma ordem socioeconômica injusta, desumana, covarde; insustentável.
Movida pela cobiça, a turba acredita nas mentiras, segue um enganador mapa do tesouro.
Mas tudo tem seu tempo.
O atual sistema passará; já passou. A Mentira o mantém aparentemente vivo. O Capitalismo é mais do que uma tulipa doente, como a Semper Augustus: é uma flor podre.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Mentiras, burrice e retrocesso


Texto original:
Neoliberalismo, distopias e Bolsonaro presidente
Leda Paulani 09 Novembro 2018

Texto editado / NMM:

A eleição de Jair Bolsonaro  deixa estarrecida mesmo um nome da extrema-direita, como a francesa Marie Le Pen: “suas declarações são inaceitáveis”, ela diz. Só Trump parece relevar tudo isso.
Cabe uma reflexão profunda para que se possa identificar as causas desse terremoto anticivilizatório
Depois de mais de três décadas de ascensão, o Neoliberalismo parece ter chegado num ponto de saturação e sem ter entregue aquilo que prometera. No início dos anos 1980, alegavam que a estrutura institucional com controles, regras, era deletéria para o desenvolvimento, e que a liberalização financeira traria melhores tempos para todos os países, potenciando o crescimento. O mesmo se dizia da generalização da abertura comercial.
Mas o resultado foi o aumento da desigualdade, o crescimento muito lento e o desemprego. Tudo piorou com a crise financeira internacional de 2008-09. O voto antissistema é uma consequência imediata dessa situação.
A insistente pregação neoliberalthere is no alternative, foi instituindo os valores do cada um por si, do self made man, do mérito próprio. A cooperação, a solidariedade, a importância do coletivo foram atirados nos desvãos da história junto com o muro de Berlim.
Não é de espantar que a reação às mazelas do mundo neoliberal, aprofundadas pela crise de 2008-2009, se virem “contra” o sistema na direção errada e acabem por fortalecê-lo, arrastando para os mesmos desvãos da história a própria democracia.
As elites do país nunca aceitaram o PT e sua maior liderança, o ex-presidente Lula.
Assim, desde pelo menos 2005, iniciou-se uma implacável campanha de difamação e demonização do Partido dos Trabalhadores e de suas principais lideranças.
É nesse sentido que se devem entender o “Mensalão”, o infundado impeachment da presidenta Dilma, a operação Lava a Jato, a juridicamente insustentável prisão de Lula, e seu impedimento de concorrer às eleições – sendo o candidato com quase o dobro das intenções de voto de Bolsonaro no início do processo eleitoral.
A crise econômica internacional, que atinge o Brasil a partir de 2011, ajudou a engrossar as críticas ao PT e a seus governos. Os movimentos de maio de 2013 foram rapidamente capturados pela direita, com o auxílio sempre determinante da grande mídia.
Os interesses do grande capital internacional também tiveram papel determinante. É hoje de conhecimento público o fato de magistrados brasileiros, como Sérgio Moro, terem sido treinados nos Estados Unidos  com os instrumentos do chamado lawfare.
A dez dias da realização do segundo turno, a divulgação pela imprensa do financiamento desse ataque digital por dinheiro de caixa 2 proveniente de empresas, o que é crime eleitoral, deu alguma esperança de que o fascismo seria derrotado, mas esse desfecho feliz não aconteceu. O juiz Sergio Moro, que disse que a corrupção destinada a caixa 2 de campanha eleitoral é ainda mais perniciosa do que a corrupção destinada ao enriquecimento pessoal porque constitui um ataque direto à democracia, acaba de aceitar o convite de Bolsonaro para ser o seu ministro da justiça. Não é preciso dizer mais.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

#Euavisei


Nelson M. Mendes
Eu avisei. Poucos teriam tanto direito de usar essa hashtag quanto eu.
Quando Getúlio Vargas (perfil ditatorial e demais idiossincrasias à parte) foi perseguido, acusado de navegar num “mar de lama”, era o Capital que agia; quando Jango foi deposto (golpe de 1964), foi o Capital que agiu; quando, na primeira eleição presidencial depois da ditadura, o fantoche Collor foi eleito, foi o Capital que agiu. Há quem garanta que o próprio surgimento do PT foi obra maquiavélica do Capital: o “bruxo” Golbery operou para que um novo partido de esquerda dividisse a oposição com o partido de Brizola – esse, sim, o espectro temido pela direita.
Dilma, como Lula, prudentemente também caprichou no cumprimento da cartilha neoliberal.
Mas Dilma não é Lula, a conjuntura econômica mundial era menos favorável, os problemas econômicos começaram a resultar em insatisfação popular. E o que aconteceu? O Capital, montado na sua gigantesca máquina publicitária, tratou logo de capitalizar aquela insatisfação popular: como tinha feito com Getúlio e Jango, inventou logo uma história de “corrupção”e, manipulando mídia, Congresso e Judiciário, conseguiu que a “ladra comunista”(!) sofresse o impeachment. Hoje está provado que o impeachment foi uma fraude, um golpe; o objetivo era colocar no Planalto o boneco amestrado Temer, muito mais obediente do que Dilma.
Todo mundo achou ótimo. Mas eu avisei.
Haveria eleições em 2018. E as pesquisas mostravam que Lula era o favorito disparado. Ganharia fácil.
O público já tinha sido empanturrado de fakenews adrede engendradas para desqualificar Lula.
Mas convencer o público não bastava: era preciso criar um fato jurídico, encarcerar Lula.
O Capital aí inventou Moro. Inventou processos estapafúrdios, que envergonham para sempre a Justiça brasileira – que, de resto, já tinha mesmo uma péssima fama.
E aí entraram em cena algumas das figuras mais risíveis da história brasileira: Sérgio Moro, Dallagnol... e os indefectivelmente ignóbeis ministros do STF.
Eu também avisei: Lula está sendo vítima de perseguição jurídica. Isso tem até nome: lawfare.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

"É a lama, é a lama"

Nelson M. Mendes

Isso já foi explicado: a lavagem cerebral midiática suscita na classe média (e emergentes) o medo do “Comunismo”(um sistema que, stricto sensu, jamais existiu no mundo), atrás do qual está o medo de partilhar, que por sua vez tem sua raiz no que chamei de “egoísmo basal”.
Uma das táticas midiáticas para manipular esse egoísmo basal é associar qualquer liderança vagamente progressista ao “Comunismo” e a um “mar de lama”. Um pouco de Lógica e Psicologia: o egoísta não quer nem partilhar, nem que governantes alcancem ilicitamente a riqueza que ele próprio no fundo buscaria inclusive por meios ilícitos, se tivesse a chance.
No ensaio O lawfare que fere Lula,  escrevi:
O Delegado José Castilho, que foi boicotado na investigação doEscândalo Banestado ao chegar perto da cúpula do governo FHC e do poder econômico, declarou: “Me é difícil conciliar o sono à noite, só de pensar nas crianças abandonadas. Por trás de tudo isso está a corrupção.” Inocência do delegado. A corrupção não é o grande problema. O principal problema brasileiro é a desigualdade. Para mantê-la, os poderosos iludem as massas, inclusive com a quimera da corrupção. Prestidigitação é isso. Enquanto o mágico chama a atenção do público para detalhes sem importância, um elefante se materializa no fundo do palco.
O elefante escondido nos bastidores é o Poder Econômico Transnacional. Você não o vê porque ele é mantido oculto pela mídia, cuja função, segundo o saudoso Millôr Fernandes, é “ocultar a notícia”. Pensadores como Humberto Eco e Noam Chomsky estudaram o fenômeno: a mídia, um dos braços mais ativos desse poder transnacional, entretém e confunde o público com frivolidades, falsos problemas e falsos vilões. Tudo para que os verdadeiros crimes e criminosos continuem ocultos.
E o procedimento funciona: primeiro, porque a mídia acena com aqueles fantasmas que se nutrem do nosso “egoísmo basal”; segundo, porque no Brasilhá milhões de “analfabetos funcionais” – pessoas incapazes de verdadeiramente entenderem o que leem.
Lula passou a ser perseguido desde que despontou como líder sindical, particularmente pela Globo (a principal sucursal da Fábrica de Zumbis) e pela revista Veja, que chegou a publicar, quando Lula passou a ser cogitado como canditato à presidência, que haveria, caso ele viesse a ser eleito, invasões de propriedades, êxodo de empresários e todo tipo de distúrbio. Lula foi pintado como um potencial Gengis Khan “vermelho”.
Essa perseguição midiática a Lula se tornou um case histórico, que já rendeu trabalhos acadêmicos.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

A falácia da Reforma da Previdência


O “festival de mentiras que atola o Brasil” começou com Cabral I; mas talvez há algumas décadas esteja vivendo sua apoteose – que, não por acaso, coincide com os estertores finais do Capitalismo sob sua mais recente máscara, o Neoliberalismo. No futuro, os estudantes, ao serem apresentados a certos fatos históricos pelos professores, dirão: “Como era possível que nossos bisavós fossem tão estúpidos? Como se deixavam levar pelas falácias propagadas pelos que desejavam apenas a perpetuação da hedionda desigualdade socioeconômica brasileira?”

O alvoroço falacioso e cínico da mídia em torno da “Reforma da Previdência” proposta pelo ogro nazista me provocou ânsias por escrever um texto falando todas aquelas coisas que serão do conhecimento das crianças do futuro. Mas senti também, concomitantemente, uma aguda vontade de ver o que o professor Benayon certamente deveria ter escrito a respeito. E encontrei o texto perfeito.
Nelson M. Mendes
Artigo recolhido em:
Previdência – confundir para destruir
Adriano Benayon

Não se pode negar que privilégios colossais corroem o Brasil. Não é, porém, na Previdência Social que eles estão. E como os beneficiários das absurdas disparidades controlam a política, a “reforma” da Previdência é perversamente usada para aumentá-las, em vez de corrigi-las.
O que faz a política econômica governada por banqueiros de Boston, Nova Iorque e Londres? Sob o mentiroso pretexto de combate à inflação, mantém intoleráveis taxas de juros.
Não há déficit da Previdência. Ademais, são pífias e discutíveis as economias que a “reforma” produziria.
A “reforma”, segundo a falaciosa campanha, reduziria injustiças. A política econômica aviltou tanto os rendimentos do trabalho, que muita gente pensa serem fantásticos os salários mensais acima de 4 mil ou 5 mil reais.
Este é um dos efeitos mais terríveis da dominação globalizante: a ideia de que a miséria é o natural, e a justiça consiste em tornar todos miseráveis. Os reais privilegiados residem no exterior, ou transitam entre fortalezas inexpugnáveis e ambientes inacessíveis.
Quando esses fatos são expostos a certas pessoas, muitas optam por dar de ombros à destruição do país, cooptadas por vantagens equivalentes migalhas, comparadas aos trilhões dos potentados mundiais.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -


quinta-feira, 7 de março de 2019

O capitão e a barbárie social


Texto original:

O real projeto do governo do capitão é a barbárie social

Marcio Sotelo

Texto editado / NMM:

A face hedionda do governo Bolsonaro mostrou-se claramente: a reforma da previdência e o código Moro se complementam.
A reforma da previdência vai aprofundar a miséria da massa trabalhadora. Uma tal estrutura iníqua de dominação não é mantida apenas com mecanismos ideológicos.
É preciso também a violência do Estado para controle dos excluídos.
Essa é uma das funções do Projeto Moro.
O déficit da previdência é a grande mentira do século 21, martelada incessantemente pelos grandes órgãos de comunicação.
É  a dívida pública que suga a riqueza produzida pelos trabalhadores para pagar juros e o serviço da dívida.
O endurecimento das leis penais é tanto maior quanto maior a desigualdade e a irracionalidade da estrutura social. É para isto que serve o Código Moro.
Pouco importa para os setores beneficiados quem seja o presidente. Pouco importa que seja notoriamente despreparado, fora do padrão de normalidade psicológica.
O caos e as trapalhadas desse governo somente incomodam essa elite se põem em risco a reforma da previdência, vale dizer, o capitalismo parasitário.
Bolsonaro é uma sombra. O real é esse projeto de acumulação e consequente pauperização da massa. O real é esse projeto de barbárie social.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -

sábado, 9 de março de 2019

A burrice do fim do mundo



Nelson M. Mendes
O fim está próximo. Não, não seremos salvos pelo meteoro; ou aniquilados pelo meio-ambiente vingador. (Observem que salvação e aniquilação têm o mesmo sentido.) Tudo isso deverá acontecer em algum momento. Antes, porém, a ordem mundial, predominantemente capitalista, deverá morrer devorando as próprias entranhas.
Recapitulando: a Ordem Mundial Capitalista está morrendo. Como todo organismo moribundo, também esse sacrifica o periférico ao central, o acessório ao essencial. Aqui em Pindorama (periferia), legiões de bolsonazistasanalfascistas e anencéfalos cívicos em geral (os “pobres de direita”, a periferia da periferia) prazerosamente oferecem seus pescoços no altar da preservação do sistema, talvez achando que irão com isso conquistar a felicidade no outro mundo.
É a burrice do fim do mundo.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -
 quarta-feira, 19 de junho de 2019

Imprensa venal - o câncer da Democracia


Texto original:

Diario do Centro do Mundo   

Por que a imprensa venal é o câncer da Democracia?

Jessé Souza
Texto editado / NMM:

Uma democracia pode levar séculos para ser construída, mas sua destruição é bem mais rápida e fácil quando não há uma tradição democrática consolidada, como é o caso do Brasil.
Muita gente teve de perder a vida por defender a liberdade de expressão, que é o grande valor de uma imprensa livre. Por causa disso, impressiona e surpreende o grau de venalidade e parcialidade da grande imprensa brasileira a partir de 2013.
Além disso, é burrice atacar a democracia se a atividade que você exerce sobrevive graças às garantias que ela proporciona.
Com o ataque do governo Dilma Rousseff, em 2012, à política de juros escorchantes da “dívida pública” – este grande esquema de corrupção legalizada para transferir recursos da população aos rentistas –, a relação amistosa da elite com o governo acaba. Ato contínuo, a imprensa, cujos donos não só vivem de anúncios de bancos, mas também devem boa parte do patrimônio aos bancos e têm os próprios ganhos multiplicados pela rapina rentista, aciona o modo de guerra contra o governo petista.
A associação com a Lava Jato – a verdadeira organização criminosa do Brasil recente – levou a imprensa, sob o comando da Rede Globo, ao ataque a todos os princípios e as crenças que possibilitam a vida do Direito. São essas garantias jurídicas que permitem a vida democrática.
 A corrupção é recriminável, mas a origem dos problemas brasileiros, como a pobreza de seu povo e a desigualdade, não está apenas, nem mesmo principalmente, na corrupção política. Só a sonegação de impostos das classes mais ricas – que a imprensa nunca divulga – é pelo menos 500 vezes maior segundo os especialistas do Tax Justice Network, da Inglaterra.
A grande imprensa venal, nas eleições de 2018, sancionou, portanto, o bufão neofascista participando ativamente da fraude eleitoral da “eleição sem debate”, montada por fake news e com doadores invisíveis.
- - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - -





Nenhum comentário: