quarta-feira, 24 de julho de 2019

O papel das esquerdas e do povo


A penúria das esquerdas


Texto original:

Texto editado / NMM:


As esquerdas em geral e o PT em particular entraram numa defensiva política e estratégica no início de 2015 e de lá não conseguiram sair até agora. Mesmo com a revelação de todos os crimes cometidos por Moro, Dallagnol e outros membros da Lava a Jato, os representantes dos partidos de esquerda não conseguem ir além da pesarosa indignação.
As direções dos partidos de esquerdas não se comunicam. Militantes e filiados não recebem nenhuma orientação das direções.
As esquerdas perderam a corrida para a extrema-direita no que diz respeito à ação política nas redes sociais. A partir de 2015 as esquerdas perderam as ruas, algo que já vinha sendo sinalizado desde 2013.
As esquerdas só sabem fazer a luta institucional. No Congresso, são uma linha auxiliar ingênua e enganada. Enquanto as esquerdas são afáveis com o centrão e com Rodrigo Maia, estes auxiliam Bolsonaro e Paulo Guedes, principalmente nas pautas econômicas.
A tática das esquerdas no Congresso parece ser a de criar uma ilusória frente ampla democrática. Não haverá uma frente ampla democrática se não for construída uma forte e respeitada frente popular. As esquerdas não conseguirão atrair setores do centro se não tiverem força na sociedade, se não forem capazes de gerar temor a partir da força e da organização popular.
Muitos dirigentes e parlamentares de esquerda são cristãos mansos diante do Judiciário. Mesmo com todos os açoites que receberam dele (especialmente o PT) recorrem mais ao STF do que ao povo. Ainda por cima, nem combatem o charlatanismo anticristão de muitos pastores e nem interagem positivamente com os evangélicos pobres das periferias. Este cristianismo manso não serve para as lutas do povo. É melhor adotar os ritos ferozes do paganismo combativo. Esse cristianismo manso, como já advertia Maquiavel, também é responsável para que o mundo permaneça na mão dos malvados. O Brasil não se libertará da elite predatória sem o exercício bravo do combate.
As esquerdas caíram numa armadilha bolsonarista. Na medida em que os bolsonaristas passaram a atacar instituições como o STF e o Congresso, as esquerdas passaram a defendê-las e santifica-las. Ocorre que essas instituições não são democráticas: agem de forma enviesada e parcial contra os pobres, contra os negros, contra as mulheres, contra os índios e contra outras minorias.
Ninguém está aqui cobrando que se faça uma revolução. Até porque os partidos de esquerda não são revolucionários. O que se está a exigir é que esses partidos tenham estratégias, que lutem com coragem. O que se está cobrando é o até quando as esquerdas e as oposições deixarão que Bolsonaro continue destruindo o Brasil sem que haja uma resposta contundente. Até quando Bolsonaro pode vandalizar a educação básica e universitária, destruir o meio ambiente, investir contra a saúde pública, desmoralizar os institutos e entidades de pesquisa, degradar o bom senso e a civilidade, atacar o Nordeste, ferir a Constituição e as leis, semear o ódio e o divisionismo, espezinhar os interesses do Brasil submetendo-o de forma antipatriótica aos interesses do governo Trump.
As esquerdas e as oposições têm o dever de dar uma resposta a essas inquietações e sobressaltos de milhões de brasileiros.
O Brasil vive um momento crítico. As esquerdas e as oposições não podem continuar agindo como se o país vivesse num estado normal; é agir em cumplicidade com a destruição a que o Brasil está sendo submetido por Bolsonaro e os seus.
Se não for contido de forma contundente, Bolsonaro e os seus continuarão numa escalada crescente de ataques verbais que, as poucos, vão legitimando ataques efetivos, assim como as destruições já são efetivas. Os partidos de oposição têm o dever não só de se explicar. Eles têm o dever de agir, de dirigir, de apontar rumos e de lutar.

Um comentário:

CCOB disse...

O problema é que quabdo chegaram ao poder, abandonaram suss bases passando a atuar nas super extruturas, a priorizar o parlamento burguês
Já ouví de vereador do PSOL, daqueles que se acham revolucionários, que estava sem tempo para atividades de rua, pois a luta no parlamento, a disputa não deixava sobrsr este tempo.
Esqueceram como se luta, abandonaram a luta sindical e as centrais.
Ninguém mais para organizar o trabalhador pela base.
O movimento estudantil, é apenas uma fagulha, não tem estrutura para iniciar um movimento consistente.
Agora as bases terão que ser recuperadas, um longo trabalho onde a direita tripudiará à vontade, devido a impossi impossibilidade de reação.