quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Capitalismo na UTI

 



Texto original:

 

https://www.correiocidadania.com.br/2-uncategorised/14457-capital-mundial-segue-na-uti-com-respirador

Capital mundial segue na UTI com respirador

José Martins  23/12/2020

 

 

Texto editado / NMM:

 

O virtuoso e infalível livre mercado continua internado em estado grave na UTI, desde o 1º trimestre do ano, quando o sistema capitalista mundial foi atingido por um novo período de crise de superprodução.

Os economistas, governos e grande mídia diziam, então, que a crise econômica havia sido provocada pela COVID 19 e que, passada a epidemia, a economia se recuperaria.

Prometiam que a economia subiria no 2º semestre para os “níveis pré-pandêmicos”. O mais incrível é que muita gente acredita que foi isso que aconteceu.

Mas o capital continua em todo o mundo entubado e socorrido pelo Estado.

Neste início de dezembro de 2020, não existe mais nenhum lockdown (bloqueio) na economia mundial.

Falando direto: a COVID 19 não atrapalha mais. Mas o capital continua em estado de coma!

Ninguém poderia continuar dizendo, portanto, que o estado de prostração da produção e do emprego da força de trabalho em todas as economias do mundo deve-se ainda à COVID 19.

Mas eles continuam dizendo. E vão continuar, claro. Senão, o que poderiam dizer? Que a verdadeira ameaça de morte à população mundial é a indissociável unidade de propriedade privada, mercado, capital e Estado? Esta unidade maligna que só se revela à luz do dia nas grandes crises gerais (catastróficas) do capital?

Outra coisa: se o capital tivesse realmente se recuperado da “primeira onda” da COVID 19, também não seria preciso explicar a grande disputa política sobre a renovação em doses muito mais cavalares daquelas medidas de estímulo e de socorro estatais para salvar o capital e o funcionamento da sagrada propriedade privada.

Mas é exatamente isso que ocorre atualmente. E tem que ser explicado por que essa intervenção do Estado na economia – o que, segundo eles, só atrapalharia o virtuoso funcionamento das leis naturais do livre mercado – continua sendo, mais do que alguns meses atrás, sua última chance de sobrevivência.

Contra fatos não há ideologia ou pós-verdade que se sustente. A crescente violência da crise econômica atual sobre a classe operária mundial (desemprego, miséria e fome absoluta) que não pode ser negada por ninguém, se encarregará de provar duas coisas,

A primeira, que o que manteve até agora a economia respirando foi a intervenção política massivamente estatizante da economia.

A segunda coisa, é que o atual agravamento da crise exige que o Estado continue praticando uma política econômica e monetária suicida para socorrer empresas privadas falidas e manter os trabalhadores desempregados ou em situação de miséria absoluta.

Uma política fiscal e monetária kamikaze muito mais volumosa para salvar a propriedade privada e evitar a revolução. Mas essa insanidade dos capitalistas e seus economistas pode ser bem sucedida? Eles garantem de pés juntos que sim. Temos fortíssimas dúvidas.

No final das contas, tudo depende apenas de que o capital reaja e saia do estado de coma nos próximos dois semestres. Em termos reais. Que o capital volte a produzir valor e mais-valia (lucro) em massas e taxas adequadas até o final do próximo ano. São doze meses de prazo. Improrrogavelmente!

Continuaremos tratando desta insondável possibilidade em nosso próximo boletim. Com o otimismo que toma conta de nossa redação com a proximidade de um Feliz Natal e mais um Próspero Ano Novo.

José Martins é economista e editor do Crítica da Economia, onde este artigo foi originalmente publicado.

 

 

te artigo foi originalmente publicado.

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