Texto original:
Capital
mundial segue na UTI com respirador
José Martins 23/12/2020
Texto editado /
NMM:
O virtuoso e infalível livre mercado continua
internado em estado grave na UTI, desde o 1º trimestre do ano, quando o sistema
capitalista mundial foi atingido por um novo período de crise de superprodução.
Os
economistas, governos e grande mídia diziam, então, que a crise econômica havia
sido provocada pela COVID 19 e que, passada a epidemia, a economia se
recuperaria.
Prometiam
que a economia subiria no 2º semestre para os “níveis pré-pandêmicos”. O mais
incrível é que muita gente acredita que foi isso que aconteceu.
Mas
o capital continua em todo o mundo entubado e socorrido pelo Estado.
Neste
início de dezembro de 2020, não existe mais nenhum lockdown (bloqueio) na
economia mundial.
Falando
direto: a COVID 19 não atrapalha mais. Mas o capital continua em estado de
coma!
Ninguém
poderia continuar dizendo, portanto, que o estado de prostração da produção e
do emprego da força de trabalho em todas as economias do mundo deve-se ainda à
COVID 19.
Mas
eles continuam dizendo. E vão continuar, claro. Senão, o que poderiam dizer?
Que a verdadeira ameaça de morte à população mundial é a indissociável unidade
de propriedade privada, mercado, capital e Estado? Esta unidade maligna que só
se revela à luz do dia nas grandes crises gerais (catastróficas) do capital?
Outra
coisa: se o capital tivesse realmente se recuperado da “primeira onda” da COVID
19, também não seria preciso explicar a grande disputa política sobre a
renovação em doses muito mais cavalares daquelas medidas de estímulo e de
socorro estatais para salvar o capital e o funcionamento da sagrada propriedade
privada.
Mas
é exatamente isso que ocorre atualmente. E tem que ser explicado por
que essa intervenção do Estado na economia – o que, segundo eles, só
atrapalharia o virtuoso funcionamento das leis naturais do livre mercado –
continua sendo, mais do que alguns meses atrás, sua última chance de
sobrevivência.
Contra
fatos não há ideologia ou pós-verdade que se sustente. A crescente violência da
crise econômica atual sobre a classe operária mundial (desemprego, miséria e
fome absoluta) que não pode ser negada por ninguém, se encarregará de provar
duas coisas,
A
primeira, que o que manteve até agora a economia respirando foi a intervenção
política massivamente estatizante da economia.
A
segunda coisa, é que o atual agravamento da crise exige que o Estado continue
praticando uma política econômica e monetária suicida para socorrer empresas
privadas falidas e manter os trabalhadores desempregados ou em situação de
miséria absoluta.
Uma
política fiscal e monetária kamikaze muito mais volumosa para salvar a
propriedade privada e evitar a revolução. Mas essa insanidade dos capitalistas
e seus economistas pode ser bem sucedida? Eles garantem de pés juntos que sim.
Temos fortíssimas dúvidas.
No
final das contas, tudo depende apenas de que o capital reaja e saia do estado
de coma nos próximos dois semestres. Em termos reais. Que o capital volte a
produzir valor e mais-valia (lucro) em massas e taxas adequadas até o final do
próximo ano. São doze meses de prazo. Improrrogavelmente!
Continuaremos
tratando desta insondável possibilidade em nosso próximo boletim. Com o
otimismo que toma conta de nossa redação com a proximidade de um Feliz Natal e
mais um Próspero Ano Novo.
José
Martins é economista e editor do Crítica da Economia, onde este artigo foi
originalmente publicado.
te artigo foi originalmente publicado.
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