Texto original:
https://jornalggn.com.br/artigos/os-sonambulos-da-pandemia-por-dora-incontri/
Os sonâmbulos da Pandemia, por Dora Incontri
Texto editado / NMM:
Há uma história, que sempre me impressionou, sobre um enigmático mestre espiritual. Conta-se que um discípulo seu, com a presença do mestre a seu lado, se deu conta de que as pessoas que passavam por eles, estavam como que num estado sonambúlico.
Tem-me
ocorrido essa passagem quando vejo estarrecida as boates, festas, praias,
cheias de pessoas (e sem máscaras), quando vejo apoiadores do dito cujo
buzinando diante de hospitais! Estão todos em estado sonambúlico, alienados de
qualquer razão e de qualquer senso de realidade.
Lembro do filme
Máquina do Tempo. O personagem viajava para um futuro distante em que, quando
tocava uma sirene, iam os humanos em bandos, hipnotizados, para a morte, para
serem devorados pelos Morlocks, sem nenhuma reação, de olhos vidrados. Esse
trecho do filme nos provocava a sensação que nos acomete ao vermos festas
clandestinas, em todas as classes sociais, enquanto milhares de brasileiros estão
indo para o matadouro da Covid…!
Estão numa
rota de autodestruição, estão em estado de letargia psíquica profunda.
Esse sintoma
de degradação psicológica explica largamente a péssima qualidade dos
governantes que estão levando o país para o abismo. Muitos apoiam, ninguém
reage, e tantos contribuem para o projeto de necropolítica, entregando-se
submissamente à morte e tornando-se seus disseminadores. Em parte, os
(des)governantes atuais ajudaram a hipnotizar esse povo, com a avalanche de
Fake News, que aliás, continuam...
E não tem a
ver necessariamente com grau de escolaridade, porque há médicos defendendo
cloroquina, advogados sem máscara e doutores e professores que negam a ciência.
Não há
ideologia, partido político, esquerda ou direita que justifiquem todo esse
atirar-se do povo para a morte. Há os patrões que não liberam o empregado, há
os políticos que não assumem um lockdown como deveria ser, mas há também uma
parte do povo com uma imaturidade festiva, uma loucura suicida e uma
indiferença com a vida do outro. Um cenário deprimente.
Os que estão
na resistência, os que estão trabalhando na linha de frente, os que estão
guardando a sanidade possível e ajudando a acolher os desesperados, precisam
nesse momento ver um sinal qualquer de luz no final do túnel: lockdown, vacina,
impeachment… esperar eleições em 2022 é algo muito distante. Milhares estão
morrendo! Chega de letargia!
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