sexta-feira, 19 de março de 2021

Os sonâmbulos da pandemia

 



Texto original:

https://jornalggn.com.br/artigos/os-sonambulos-da-pandemia-por-dora-incontri/

Os sonâmbulos da Pandemia, por Dora Incontri



Texto editado / NMM:




Há uma história, que sempre me impressionou, sobre um enigmático mestre espiritual. Conta-se que um discípulo seu, com a presença do mestre a seu lado, se deu conta de que as pessoas que passavam por eles, estavam como que num estado sonambúlico.

Tem-me ocorrido essa passagem quando vejo estarrecida as boates, festas, praias, cheias de pessoas (e sem máscaras), quando vejo apoiadores do dito cujo buzinando diante de hospitais! Estão todos em estado sonambúlico, alienados de qualquer razão e de qualquer senso de realidade.

Lembro do filme Máquina do Tempo. O personagem viajava para um futuro distante em que, quando tocava uma sirene, iam os humanos em bandos, hipnotizados, para a morte, para serem devorados pelos Morlocks, sem nenhuma reação, de olhos vidrados. Esse trecho do filme nos provocava a sensação que nos acomete ao vermos festas clandestinas, em todas as classes sociais, enquanto milhares de brasileiros estão indo para o matadouro da Covid…!

Estão numa rota de autodestruição, estão em estado de letargia psíquica profunda.

Esse sintoma de degradação psicológica explica largamente a péssima qualidade dos governantes que estão levando o país para o abismo. Muitos apoiam, ninguém reage, e tantos contribuem para o projeto de necropolítica, entregando-se submissamente à morte e tornando-se seus disseminadores. Em parte, os (des)governantes atuais ajudaram a hipnotizar esse povo, com a avalanche de Fake News, que aliás, continuam...

E não tem a ver necessariamente com grau de escolaridade, porque há médicos defendendo cloroquina, advogados sem máscara e doutores e professores que negam a ciência.

Não há ideologia, partido político, esquerda ou direita que justifiquem todo esse atirar-se do povo para a morte. Há os patrões que não liberam o empregado, há os políticos que não assumem um lockdown como deveria ser, mas há também uma parte do povo com uma imaturidade festiva, uma loucura suicida e uma indiferença com a vida do outro. Um cenário deprimente.

Os que estão na resistência, os que estão trabalhando na linha de frente, os que estão guardando a sanidade possível e ajudando a acolher os desesperados, precisam nesse momento ver um sinal qualquer de luz no final do túnel: lockdown, vacina, impeachment… esperar eleições em 2022 é algo muito distante. Milhares estão morrendo! Chega de letargia!


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