segunda-feira, 9 de junho de 2025

Musk, Trump e a empatia

 


Texto original, com 3960 caracteres:

https://www.ihu.unisinos.br/categorias/649399-elon-musk-esta-certo-empatia-e-a-fraqueza-da-civilizacao-ocidental-artigo-de-jung-mo-sung


Texto editado, com 1657 caracteres:

Disse Elon Musk, em um podcast de direita: “A fraqueza fundamental da civilização ocidental é a empatia. A exploração da empatia.”

Empatia é a capacidade de ver as coisas sob a perspectiva de outra pessoa e sentir suas emoções. É algo “natural”; por isso, consideramos como uma “anomalia” a incapacidade de empatia.

Para Musk (e também Trump e outros), o problema é o uso, pela “esquerda”, da empatia na sociedade para ampliar o papel social do Estado e, com isso, interferir no “mercado livre”, livre dos impostos sobre os ricos e das regulações na economia e na sociedade. Isto é, a liberdade dos ricos e poderosos de fazer e dizer o que desejam. Nesse sentido, Musk tem “razão” no que ele está afirmando: “A fraqueza fundamental da civilização ocidental é a empatia”. Isto é, para ele e muitos, a utopia da civilização ocidental é dominar e conquistar a todos e tudo. E a empatia pelos que sofrem é um empecilho fundamental.

Musk e Trump mostram que a violência da civilização ocidental prevaleceu sobre o discurso cristão de amor ou solidariedade; o capitalismo selvagem venceu o projeto de Estado de Bem-estar social. Aliás, o cristianismo dominante considera heresia defender os pobres e os excluídos.

O que Musk disse não é original; a novidade é o poder, através das redes sociais, de afetar a consciência e o inconsciente coletivo da humanidade. Esse projeto já estava claro no pensamento de Hayek [um dos ideólogos do Neoliberalismo], mas dito de forma “filosófico-científica” que poucos podem entender. Margareth Thatcher [a principal “operadora” do Neoliberalismo no final do século XX, ao lado de Reagan] explicou mais popularmente o projeto de converter o coração e a alma da sociedade.

O Cristianismo tem de recuperar o mandamento de Jesus: amar ao próximo e a Deus. Para isso, é preciso ressaltar que empatia é uma condição humana; mas que passar da empatia à solidariedade, por meio de ações concretas e de políticas mediadas pelo Estado democrático, é se tornar humano.

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Comentário por NMM:

Fraturas consolidadas em esqueletos pré-históricos mostram que a comunidade amparava aqueles temporariamente incapacitados para o trabalho. Mesmo alguns animais, como os cães selvagens africanos, protegem e alimentam os indivíduos feridos e incapazes de caçar. Mas, para os neoliberais e fascistas em geral, como Trump e Musk, empatia é fraqueza. Ou seja: como dizia o filósofo brasileiro Huberto Rohden, muitos humanos parecem estar num nível “infra-hominal”.

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