terça-feira, 5 de agosto de 2025

Trump estimula o nascimento do mundo multipolar

 

Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, durante declaração à imprensa, na Sala de Coletiva. Rio de Janeiro - RJ - 07/07/2025

Rio de Janeiro - RJ - 07/07/2025 (Foto: Ricardo Stuckert / PR)


Texto de Leonardo Attuch no Brasil 247

Texto editado / NMM:

 

O tarifaço de 50% imposto pelo Trump contra produtos brasileiros marca o fim da hegemonia dos Estados Unidos. Ao tentar isolar e punir parceiros do Sul Global, Trump aproxima economias emergentes, que reduzem a dependência de Washington.

Enquanto a Casa Branca fecha portas para o café brasileiro, por exemplo, a China aprovou 183 novas empresas brasileiras para vender café ao seu mercado. Se os Estados Unidos levantam muros, o gigante asiático constrói pontes.

Pesquisa recente do Instituto Datafolha mostra que a China já é vista como mais confiável do que os EUA no comércio. E 67% dos brasileiros  enxergam em Lula o líder que protege o país de ingerências externas, segundo levantamento do instituto Ponto Map.

Pela primeira vez em muitos anos, milhões de brasileiros discutem os limites da dependência aos Estados Unidos. A reação altiva à decisão de Trump mostra que, quando o Brasil se sente desrespeitado, ressurge uma identidade coletiva em defesa do interesse nacional.

Enquanto isso, fábricas, portos, ferrovias, projetos de energia e até o mercado de consumo interno brasileiro já recebem capital chinês. Ao contrário de Washington, os chineses oferecem cooperação de longo prazo — e os resultados já são palpáveis.

Além disso, a aplicação da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes é outro tiro no pé. A busca por alternativas ao sistema dolarizado ganha força sempre que os EUA demonstram disposição de usar sua moeda e seu sistema bancário como armas.

O mundo multipolar é uma realidade em gestação acelerada. Ao tentar deter esse movimento natural da história com tarifas, pressões e sanções políticas, Donald Trump contribuirá para sepultar de vez a ilusão de que os Estados Unidos podem ditar unilateralmente os rumos da economia global.

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